27 dezembro 2009

Jonsi: o coração do Sigur Rós


Jón þór Birgisson (þór lê-se como "Thor", sim, é o nome do deus nórdico dos trovões) é o vocalista e guitarrista do Sigur Rós. Mais conhecido como Jonsi, não faz muito tempo que ele teve boas aulas para tocar guitarra, não à toa nos primeiros álbuns da banda (especialmente no primeiro, "Von") o que ouvimos de guitarra é apenas distorção e efeitos, deixando os acordes e arpejos para o baixo. E foi dessa forma que Jonsi desenvolveu sua técnica (nem tão original quanto se imagina) de tocar guitarra com um arco de cello e efeito de eco nos pedais. Não que ele saiba tocar cello, claro, mas foi um presente do colega de banda Kjartan (com quem formou sua primeira e premiada banda hyppie-punk: Beespiders) que ganhou um cello quando, na verdade, queria um violino.

Mas estamos indo depressa, antes de tocar no Beespider e usar cabelo comprido, roupas largas e óculos coloridos, Jonsi nasceu. E ele nasceu no dia 23 de abril de 1975, na capital da Islândia, Reykjavík. Nasceu, aliás, cegou de um olho, como o deus nórdico Oðinn (pai de Thor). Só depois de nascer é que foi descobrir seu gosto por David Bowie e Iron Maiden (e muito mais tarde, moderadamente pelo Smashing Pumpkins). Então, como se vê, se Kjartan trouxe a música erudita para o Sigur Rós, foi Jonsi quem antes definiu que esta seria uma banda de rock.

E também foi Jonsi quem levaria elementos eletrônicos para os álbuns do Sigur Rós, afinal, além de fazer participações especiais em músicas de bandas como Hafler Trio, Dip e Dirty-box sob o pseudônimo de Mono, Jonsi também teve um projeto solo que envolviam metais e instrumentos eletrônicos, sob o famoso pseudônimo de Frakkur. Chegou inclusive a fazer uma bela apresentação em 2004 e gravou três álbuns de música ambiente (intitulados "Pling-pong", "Songs for the little boy" e "Toyboy"), que nunca foram oficialmente lançados, apenas caíram na rede misteriosamente no ano passado.

Porém, mais ainda do que a instrumentação característica ou o falsete em uma língua inventada por ele (o "volenska", um série de vocábulos inspirados no islandês que Jonsi usa para cantar em muitas canções), o nome e a arte do Sigur Rós também devem a seu membro mais famoso e de cabelo mais arrepiado. Sim, pois Sigur Rós é o nome da irmã caçula de Jonsi que nasceu no mesmo dia em que a banda foi formada. E já que estamos falando de crianças, os temas infantis e a presença de imagens infantis são por conta do apreço de Jonsi a essa fase inocente, alegre e desprotegida da vida. Inlusive, embora muitas das imagens dos álbuns do Sigur Rós sejam obra de Alex Sommers (guitarrista da banda Parachutes, namorado e colaborador de Jonsi no projeto musical e artístico intitulado "Riceboy sleeps"), algumas outras imagens são de obra do próprio de Jonsi.

Agora, dia 22 de março desse próximo ano, veremos surgir o primeiro álbum solo de Jonsi (usando esse nome mesmo, e não Frakkur, como se esperava): "Go". O álbum é mais acústico e repleto de arranjos de cordas e tem a maioria das músicas cantadas em inglês (uma língua que durante muito tempo foi difícil para Jonsi, mas que depois do último disco do Sigur Rós ele começou a dominar bem mais). A primeira faixa dessa obra (que interromperá por uns meses a produção do próximo álbum da banda) já pode ser ouvida com seus ruídos e uma voz mais grave. Chama-se "Lilikoi boy" e mostra porque Jonsi é o coração (e não a voz) de qualquer projeto em que tocar seu dedo de Midas.

05 dezembro 2009

"O hobbit 2": mais do mesmo (?)






Comemorando, atraso, o primeiro aniversário desse novo formato do blog, resolvi retomar um dos meus primeiros posts aqui. Agora, ao invés de apontar os problemas que "O hobbit" causou na obra e na Terra-média de Tolkien, quero mostrar que as ligações entre esse livro e o "Senhor dos anéis" são maiores do que julga sua vã filosofia. E não estou me referindo as ligações encontradas nos apêndices ou nos "Contos inacabados". Me refiro a como Tolkien levou ao pé da letra o pedido de seu editor para que, em 1937, escrevesse um 'novo "Hobbit"'.



Se quando Tolkein releu e revisou o "Hobbit" para a publicação da "Sociedade do anel" ele sentiu vontade de reescrever todo o seu primeiro livro novamente, penso que um dos motivos que o levou a desistir pode ser o fato de que ela já havia feito isso. Sim, minha idéia é justamente essa: mostrar como os dois livros se parecem, muito mais do que a presença de hobbits como protagonistas lidando com anéis mágicos e orcs a serviço da força das trevas. E digo isso embasado na minha recente (e sétima) leitura do "Hobbit" (já "O senhor dos anéis" só li seis vezes, sendo a última no ano passado, mas muita coisa ainda está fresca na mente, graças a ajuda dos filmes).



Tomemos como ponto de partida e, consequentemente, ponto principal, a estrutura da história dos livros. "O hobbit" começa no Condado, quando um pacato hobbit se vê envolvido em uma missão que não é sua graças ao mago Gandalf. Ele parte em um grupo com anões e, logo de cara, enfrenta um grupo de monstros (no caso, trolls). Logo depois, acaba na casa de Elrond, em Valfenda, e de lá parte para as Montanhas Sombrias, onde enfrenta orcs a mando do Necromante (que depois descubriríamos ser Sauron).



Ainda está me acompanhando? Pois bem, de posse do Anel, o grupo sai da morada dos monstros e encontra um lugar amigo que os recebe (a casa de Beorn), que fica a beira de uma floresta. E depois de atravessarem a floresta chegam a um reino de humanos. De lá, parte para o fim da jornada (a perdida Montanha Solitária, onde vive o vilão da história, o dragão Smaug, que é morto por um personagem secundário em uma passagem que mal é mostrada). Então, o livro e a história poderiam acabar aí, mas uma surpresa aguarda os leitores nos capítulos finais do livro: o hobbit se vê envolvido em uma guerra por tesouros e territórios, onde as mais diferentes raças se reúnem.



"O hobbit" acaba com Bilbo (o protagonista, diga-se de passagem) confortavelmente em casa. Mas ficamos sabendo que 60 anos se passaram e o Anel encontrado trouxe problemas ao mundo, graças ao retorno de Sauron (aquele Necromante citado acima), seu legítimo dono que se sentiu roubado (igual ao Gollum, antigo portador do Anel antes de Bilbo). E é aí que começa "O senhor dos anéis", cuja história pode ser contada seguinte forma:



Um pacato hobbit do Condado se vê em uma missão que não é sua graças ao mago Gandalf. Ele parte em grupo, que mais tarde teria um anão, e logo de cara, enfrenta um grupo de monstros (no caso, Nâzgul, mas ele passa bem perto de onde estavam os trolls). Logo depois, ele acaba na casa de Elrond, em Valfenda, e de lá parte para Moria (nas Montanhas Sombrias), onde enfrenta orcs a mando de Sauron, e um dos personagens (Gandalf) enfrenta sozinho uma criatura das profundezas (dessa vez, um Balrog, e não o Gollum).



Por fim, o grupo sai da morada dos monstros e encontra um lugar amigo que os recebe na floresta de Lothlórien (bem perto da Floresta das Trevas, onde acontece o "Hobbit"). E depois de atravessarem a floresta (e se separarem) uma parte do grupo chega a um reino de humanos (Rohan) enquanto outra parte para o final da jornada, até a solitária Montanha da Perdição, em Mordor, onde vive o vilão da história, Sauron, que é morto em uma passagem sequer mostrada). Então, o livro e a história poderiam acabar por aí, mas uma surpresa aguarda os leitores nos capítulos finais do livro: o hobbit se vê envolvido em uma guerra por tesouros e territórios, onde raças diferentes se unem (uma passagem, aliás, que se eu ainda não escrevi nada sobre ela no blog, em breve escreverei, e que inclui um vilão sendo morto por um personagem secundário).



"O senhor dos anéis" acaba com Sam, um dos hobbits protagonistas, confortavelmente em casa. E depois ficamos sabendo que muita coisa aconteceu em seu futuro, mas isso não vem ao caso, o que vem ao acaso é que o jogo de luz e sombra, como aponta o ilustrador Alan Lee, é praticamente o mesmo, e da mesma forma, na duas obras. Agora, se isso não basta para convencê-los, meus caros, que tal analisar o fato de Gandalf ficar aparecendo e sumindo ao longo do dois livros? Sim, tanto no "Hobbit" como no "Senhor dos anéis", Gandalf some no início da aventura para procurar informações e enfrentar o vilão(o necromante no "Hobbit" e Saruman no "Senhor dos anéis")) e depois re-aparece em Valfenda, para sumir novamente na saída das Montanhas Solitárias ao enfrentar um vilão (o Necromante no "Hobbit" e o balrog no "Senhor dos anéis"), para, finalmente, ressurgir com força total e com importância decisiva nas batalhas junto ao reino dos homens.



E isso, de alguma forma, tira a magia do "Senhor dos anéis" ou de Tolkien? Não, de forma alguma. Isso é apenas uma porta de interpretação aberta, como a porta de Moria (no "Senhor dos anéis") ou a porta da Montanha Solitária (no "Hobbit"), que ambas estão fechadas, cabe ao intruso sentar na frente e aguardar a resposta ocasional de como abri-la.

11 novembro 2009

Breve, novo site no ar



É com orgulho que anuncio que em breve um novo blog meu estará operando. Um blog voltado só para divulgação de minhas obras literárias. Até lá, é com uma honra maior ainda que anuncio um no site no ar: Pork Comics.

Se você clicar no link http://www.porkcomics.com.br/ você verá um logotipo (muito pesquisado pelos autores e melhor ainda realziado pelo ilustrador) e lembretes de papel anunciando aos autores e aos leitores o que ainda falta ser feito.

E o que é Pork Comics? É um site destinado a divulgar o personagem Pork (atualmente em processo de registro de direitos autorais), seus amigos (incluindo Gal, que se parece muito comigo) e suas histórias (incluindo a primeira, em fase final de produção e em busca de editoras).

Certo, e quem é Pork? Um porco vegetariano, de humor ácido e tiradas sarcásticas, que tem um palpite pessismista e caótico sobre tudo, criado pelo designer gráfico Pedro Brondi, como hobbie. Mas o que era hobbie de charges e cartoons, se tornou uma graphic novel com roteiros meus que envolvem mitologia grega, conflitos no Oriente Médio, epidemias virais e psicologia barata.

Mais do que isso, o que era para ser um projeto divertido se tornou um trabalho sério a ser apresentado como um tese de conclusão de curso, um novo site no ar e, ainda, tirinhas do jornal da minha cidade e entrevistas na televisão.

Para saber mais, leia meu blog com regularidade, visite o Pork Comics e o blog quadrilandia.blogspot.com e ria bastante.

28 outubro 2009

Conto recusado


Nem só de glórias é feito esse blog.

Enquanto não posto como foi o lançamento do "Dimensões.BR" e nem o que achei da antologia especial da Bienal da All Print editora, devo dizer que recentemente mandei um conto fantástico para avaliação e ele foi recusado. O conto em questão é um dos que gosto muito e, obviamente, tentarei incluí-lo em uma outra antologia, mais para frente.

O fato é que agora devo lidar com a frustração e torcer para que tenha melhor sucesso da próxima vez... Claro, já fui recusado antes, como no caso do conto que está em "Dimensões.BR", mas é que esse conto me é muito especial, e criei grandes expectativas sobre ele. Ainda bem que eu sei que ele foi recusado de forma justa. Ou será que era melhor acreditar que foi injustiça?
A boa notícia é que meus dois contos, incluindo "Na manhã seguinte" fora pré-selecionados no oitavo concurso cultura da editora Guemanisse, e concorrem a publicação e prêmio em dinheiro. Ou, uma publicação de consoloção juntos com aqueles que não forem honrosamente ou especialmente mencionados.

21 setembro 2009

Especial na Bienal

Caros amigos e caros leitores, esse ano parece estar com tudo. Pelo menos, até agora, cada texto meu enviado foi publicado. E o mesmo vale para um conto fantástico que enviei para a Editora All Print, tão em cima da hora que o prazo já havia terminado e o volume já parecia fechado. Mas em conversas com o atendimento da editora, consegui que tal conto fizesse parte do livro "Antologia de poesias, contos e crônicas - Especial da XVI Bienal do Livro do Rio", que saiu ontem, no estande da All Print, ao final da tarde, durante o encerramento da Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Não pude estar presente, mas minha cota já está em mãos, com obras de autores novatos e veteranos do país todo.

E sobre o que trata tal conto? Bem, o tema da antologia era "livros", portanto, escolhi uma obra minha que trata sobre a escrita de um conto fantástico, tendo como motivador a própria literatura fantástica. Em referências a Jorge Luis Borges, literatura chinesa, literatura árabe e, especialmente, a literatura fantástica japonesa, descrevo processo de escrita do próprio conto, com uma idéia surgindo, literalmente, na minha porta, enquanto estudava sobre o tema. A idéia básica do conto é, portanto, a falta de idéias para um conto e como essa falta de idéias se torna o próprio conto.

Talvez, o fator mais interessante da obra seja o f ato de ele ter marcado um importante evento na minha vida: esse conto é uma volta minha para a escrita. Eu o escrevi há 4 anos atrás, depois de um longo período sem ter escrito nenhum conto e nenhum capítulo, apenas alguns versos livres e brancos, esparsos em páginas de cadernos. É um conto que marca o fim de um período de letras surreais e o início de um desejo e um esforço sincero de me tornar escritor.

Àqueles que o leram, deram-me um retorno positivo e ansioso. E, como não poderia deixar de ser, o nome do conto é "Um conto fantástico"!

18 setembro 2009

Um conto em uma antologia de contos fantásticos brasileiros



Há uma história que minha vó conta, e ela jamais mentiria. Também há uma história que meu avô contava, e ele tinha várias histórias para contar e vários motivos, também, para contá-las. Também há mais duas histórias, todas dentro da mesma família, a família da minha mãe. Nada mais lógico do que uni-las, não é? Afinal, todas essas histórias poderiam estar falando da mesma coisa.

Passei a acreditar que todas essas histórias, na verdade, fossem uma só, como se fossem parte de uma história maior: lobisomens! Figura comum em folclore do mundo todo, mesmo onde não existem lobos (no Brasil, o lobisomem se encontra nos causos caipiras, essencialmente, mas aqui só temos lobos-guará, que não são lobos). O lobo-mau dos contos de fadas e fábulas, os berserkers germânicos e por aí vai, todos são facetas do lobo devorador do sol (segundo uma conhecida e medieval figura alquímica). Tal qual a sereia (que um dia virará outro conto meu), o lobisomem precisava de minhas letras.

Talvez, então, o conto "História de família", não seja a visão que gostaria de passar de lobisomens, mas é a visão que eu tive. A figura do homem lutando contra a natureza, do homem deixando de lado sua racionalidade social e se unindo a natureza... Nada disso há no meu conto. E, por alguma razão, quando a revisora e escritora Helena Gomes estava preparando material para a antologia "Marcas na parede" (da Editora Andross), encontrou meu conto perdido entre tantos outros e sugeriu que ele fizese parte de outra antologia, o "Dimensões.BR" (que conta com participação da prolífica e famosa escritora e roteirista Rosana Rios, bem como um prefácio de um dos melhores autores de ficção científca brasileira, o Roberto de Souza Causo).

O mais curioso de toda a história, mais até do que o conto, é que eu nunca mandei nenhum conto para a antologia "Marcas na parede". Como meu conto foi parar lá, então? Simples, mas fantástico! "História de família" (na verdade, um presente de aniversário apra minha esposa) foi o primeiro conto que mandei apra uma antologia, mandei-o há um ano e meio atrás para uma outra antologia chamada "Caminhos do medo" (organizada pelo editor Edson Rossato, e contando com a participação dos editores Danny Marks e Ricardo Delfin, do "Dias contados").

Na época, meu conto não foi aprovado, mas foi encaminhado para outra antologia. Depois disso, amndei mais dois contos e foram aprovados. Entretanto, agora, no dia 3 de outubro, às 15:00, na Biblioteca Viriato Corrêa, em São Paulo, depois da palestra da Helena e do Roberto, depois da leitura dramática de alguns contos pela atriz Cristian Gimenez, o livro "Dimensões.BR" será lançado, com 55 contos fantásticos passados no Brasil, escritos por brasileiros novatos. E uma capa maravilhosa.

Eu estarei lá, autografando, rindo, tremendo e bebendo. Quem quiser comparecer e adquirir um volume, terá toda a gratidão de minha família. Depois, estarei aqui, relatando o ocorrido.

06 agosto 2009

Evento de lançamento: "Dias contados".


Dia primeiro de agosto desse ano foi um sábado onde se deu início ao mês do cachorro louco e as celebrações pagãs de Lughnassad, de acordo com o calendário do Hemisfério Norte. Mais do que isso, foi o dia que reuniu as pessoas que amo e com quem convivo em um evento importante para mim (o primeiro de muitos). E lá vem outro post biográfico e melodramático...

Aconteceu na Biblioteca Temática de Literatura Fantástica Viriato Correia. O espeaço que leva o nome do escritor infanto-juvenil e jornalista brasileiro de meados do século XX, abriga mais de 43.000 títulos de autores em literatura de fantasia, horror, ficção científica e infantil, além de uma série de eventos envolvendo contações de histórias, exibições de filmes, exposições de arte, palestras e RPGs.

Foi nesse referido lugar e nessa referida data que, a partir das 15:00 deu-se início a cerimônia. Obviamente, devido a minha ansiedade em não desperdiçar tempo, chegamos bem antes na Vila Mariana, em São Paulo, capital. Pude assim ver a pilha de livros que continham meus contos e conhecer pessoalmente (fisicamente, visualmente, sonoramente) um dos organizadores do livro: Danny Marks (a quem já me referi, informando que seu livro, inclusive, é lançado no dia 8 de agosto em Santos).

Feitas as apresentações e retirados meus mamteriais (pasta, crachá, contrato, cópias dos livros, etc...) começou o evento. Primeiro, autores, editores e convidados se reuniram no auditório para assistir uma palestra sobre o fim do mundo (com o especialista em ocultismo, sociedades secretas e história medieval Sérgio Couto), com direito a perguntas sobre a produção do livro. Seguida da palestra, por volta das 16:00, a atriz Cristiana Gimenez fez a leitura dramática de 6 contos do livro (o livro realmente tem alguns contos e alguns autores excelentes, mas ninguém acaba o mundo citando Cthulhu). Acabado esse momento, veio o pior momento...

25 dos 48 autores estavam presentes, e todos foram convocados a subir no palco para serem fotografados e aplaudidos. Foi aí que pensei que talvez eu não queira ser tão famoso: Sessão de fotos me deixou mais envergonhado do que nascer! Depois disso, com aquela multidão de gente se espremendo entre mesas e vinhos, arrumei um tempo e lugar para fumar (quem ler meu conto"Sete minutos" entenderá melhor o porquê de eu ter citado cigarros nesse post e no anterior). Acabado o cigarro, respirei fundo e entrei de volta no salão da biblioteca.

Era hora de achar meus convidados, meu copo e um lugar. Tirei minha caneta do bolso e comecei a dar autógrafos. Autografei livro de parentes, livro de amigos e, claro, livro de autores (e eles autografaram o meu, também). Porém, os autores também tinham seus convidados e alguns desses convidados, por educação, por real interesse ou por esperança no futuro, foram coletar os autógrafos de todos os autores. E foi assim que surgiu uma menina na minha frente, desconhecid até então. Ela me entregou o livro e disse algo relativo a autografar. Perguntei quem ela era e me respondeu com um nome de ninfa grega (verdade!). Então, sorri, abaixei meus olhos e perguntei o que é que eu devia fazer. Ela me disse para autografar para ela. Tremi, mas fiz.

A experiência é ótima, mas é muito estranha. E sabe o que é mais estranho? E que por melhor que tenha sido e por mais que eu tenha gostada, fiquei e saí de lá, o tempo todo, com a sensação de que não podia ser diferente. A ordem natural das coisas em minha vida, o equilíbrio a que busco e a que vim, é esse: ser autor, publicar meus escritos e ainda encontrar tempo e espaço o suficientes para mostrar toda a minha arrogância ao dizer isso.

28 julho 2009

Um bom começo












Aqui no Brasil, dia 12 de junho foi o Dia dos Namorados. Na Islândia, foi o aniversário de dez anos do disco (já clássico) "Ágætis byrjun". A maior revolução musical da terra do gelo, do fogo e do vento depois do Björk (ex-vocalista da também importante Sugarcubes) foi realizada pela banda Sigur Rós, até então pouco conhecida no país e praticamente ignorada pelo mundo.
A banda, que começou em 1994, até então só tinha um lançado um disco (que se chamou "Von", mas essa já uma história prometida para um outro dia). Insatisfeitos com o disco, que vendeu apenas 1000 (ou 2000) cópias. A banda entrou em estúdio para uma segunda tentativa.
Dessa vez, contavam com a ajuda de um novo membro, um velho amigo, e um ex-parceiro da ex-banda do vocalista (Johnny and the beespiders): Kjartan Sveinsson. Conforme já foi dito em um post bem anterior, o barbudo chegou na banda para tocar piano, guiatarra, baixo, flauta e arranjos de corda.
Kjartan, crente de que a banda do amigo Jón poderia ser boa apesar do fracasso de "Von", se juntou aos outros três integrantes e, como um quarteto, escreveram a música que dá título ao álbum. A música fala sobre a satisfação de gravar uma boa música, passear pela cidade e comemorar com os amigos. A música também fala sobre esperança ("Von"), sobre decepção ("Von brigði", álbum de remix das músicas de "Von", lançado um ano após o álbum original) e sobre como a banda pretende fazer tudo melhor da próxima vez, afinal, esse é um bom começo ("Ágætis byrjun"). E, de tão satisfeitos que ficaram com as músicas, resolveram produzir um novo álbum.
Chamaram o produtor e amigo Ken Thomas, contratram um quinteto de instrumentos de sopro (ou de metais), um quarteto de cordas (Amiina, com quem viriam a trabalhar e ocasionalmente se relacionar como amigos e maridos, até os dias de hoje) e se trancaram em um estúdio. Entre as músicas surgidas para esse álbum estão "Svefn-g-englar" (e o famoso refrão "tjúúú"), "Starálfur" (e a belíssima introdução de violinos, viola e cello), "Ný batterí" (com a introdução de contrabaixo e metais e o característico crescendo ao longo da música), "Viðrar vel til loftárása" (com toda a melodia composta em piano e um ápice orquestrado e enlouquecido), "Olsen Olsen" (retomando o idioma vonleska, desenvolvido para a música "Von" do ábum de mesmo nome, lançado 2 anos antes, e para tantas outras músicas antes e depois), "Nyja lagið" (que só foi lançada ao vivo e em um EP), "Hjlómalind" (que se chamava "Rokklagið") e "Í gær" (que se chamava "Lagið í gær").
Todavia, antes que as três últimas músicas ficassem prontas e entrassem no álbum, o baterista Ágúst Ævar Gunnarsson saiu da banda. Não por desentendimentos pessoais ou po desacreditar na banda, mas para se dedicar a família e ao seu emprego. Desejou sorte e sucesso apra banda, abençoou o trabalho e partiu (ele só voltaria a tocar com a banda em uma ocasião, em 2006, quando tocaram "Von" gratuitamente para a cidade de Reykjavík). Perdidos e surpreso, a banda cogitou se separar. Mas, eis que surge um novo baterista por indicação do próprio Ágúst: Orri Pall Dyrason.
Satisfeitos (e impressionados) com o talento de Orri, a banda deu seqüência ao término do disco. Com a idéia de tocar um trecho do refrão de "Ágætis byrjun" ao contrário na abertura do disco (faixa 1, popularmente conhecida como "Intro") e de rodar o arranjo centro de "Starálfur" com a velocidade dividida no encerramento do disco (faixa 10, chamada "Avalon"), o disco mudou sua configuração!
"Ágætis byrjun" saiu da primeira faixa e foi a para a penúltima (nona). Com isso, "Flugufrelsarinn" (quarta faixa, escrita em cima de uma mórbida lembrança da infância de Ágúst) ganhou um novo tom e elaborou uma introdução diferente para "Ný batterí" (que também ganhou letras em islandês ao invés de vonleska). A faixa 6 "Hjartað Hamast (bamm bamm bamm)" também sofreu modificações, embora mais sutis. E, enquanto a "Viðrar vel til loftárása" teve seu apoteótico arranjo sinfônico reduzido drasticamente, a passagem da música "Svefn-g-englar" para "Starálfur" (respectivamente segunda e terceira faixas) foi modificada e elaborada de forma mais complexa.
No todo, o disco ficou mais coeso (é considerado o álbum de sonoridade mais característica do Sigur Rós e é curioso perceber como não existe intervalo silencioso entre uma música e outra). O disco apresentou uma complexidade maior de arranjos ao mesmo tempo que uma simplicidade bela nas composições. Muito disso deve-se aos esforços de Kjartan, ao talento de Orri, ao amadurecimento de Jón e, não podemos nos esquecer, da presença de Georg. Somando-se esses elementos todos com a ambição de modificar o conceito de música para todo o sempre (o Sigur Rós declarava que queria ser lembrado pelas pessoas não como uma banda, mas como música), "Ágætis byrjun" foi lançado em 12 de junho de 1999, na Islândia.
Com tiragem inicial de 2000 cópias (cujos encartes foram colados a mão, o que resultou em manchas em cima das ilustrações feitas a caneta esferográfica pelo Jón), o disco vendeu 10000 cópias na Islândia em um ano (um recorde para época, que só foi superado pelos álbuns seguintes do Sigur Rós, especialmente os dois últimos). No ano seguinte, o disco deixou de figurar apenas no catálogo da gravadora Krúnk e do selo Smekkleysa/Bad Taste e foi parar na Inglaterra através da Fat Cat. De lá, rumou para a Europa continental e depois para o Estados Unidos da América, chegando inclusive ao Brasil, em 2001, pela gravadora Trama (por motivo da vinda da banda para o Free Jazz Festival).
Até 2001, o famoso disco do anjinho ou do feto alienígena (como ficou conhecido por aqueles que não conseguem pronunciar a-GUÉ-tis-BÍR-i-um) vendeu 500 mil cópias no mundo todo. Até o dia de hoje, estima-se um total de mais de 1 milhão de cópias: ou seja, o disco islandês mais vendido da história! Não bastasse isso, em uma enquete realizada em 2000 e em duas enquetes realizadas nesse ano, "Ágætis byrjun" figurou com o primeiro álbum numa lista dos cinquenta ou dos cem melhores álbuns de toda a história da música islandesa (superando o famoso nome de Björk e outros nomes clássicos com Kukl, Sugarcubes, Icecross, Thor's hammer, Trúbrot, Purrkur Pillnikk, Theyr, Didda, Unun, Ham, Lhooq e populares como Magga Stina, Emilian Torrini, Gus Gus, Múm, Bellatrix, Dip, Ólafur Arnalds, etc...). Também é considerado um dos 1001 discos essenciais para se ter e ouvir antes da morte.
Foi graças ao sucesso do EP "Svefn-g-englar" no Reino Unido que a banda passou a figurar entre os queridinhos pelos indie, pelo Grammy e por artistas diversos como Radiohead e Mettalica, Madonna e U2, David Bowie e Natalie Portman. Aliás, tal EP gerou polêmica e fascínio ao originar um video-clipe rodado em câmera lenta mostrando uma companhia de ballet de portadores de Síndrome de Down representando o início e o fim do inverno (a música foi a que dá título ao EP, mas enquanto a própria banda dirigia, eles dançavam uma coreografia ao som de "Strarálfur"); e um outro video-clipe também rodado em câmera lenta pela própria banda, sobre o relacionamento amoroso entre dois garotos ("Viðrar vel til loftárása").
O álbum ainda rendeu um outro single ("Ný batteri") que continha duas músicas tradicionais islandesas que foram executadas a pedido do sacerdote pagão, poeta, bardo, músico eletrônico, ativista new age, vanguardista do heavy metal, cantor erudito Hilmar Órn Hilmarrson (um nome importante na cultura musical e religiosa da Islândia, que na época compunha a trilha sonora do filme "Anjos do universo"). Mas, mais do que isso, "Ágætis byrjun" rendeu ao Sigur Rós convites para trilhas sonoras de filmes holywoodianos ("Vanilla sky", por exemplo), parceirias artísticas (com Radiohead para o "Split sides" da companhia de ballet de New York Mercy Cunnigham), para grandes gravadoras (Sony), para o cinema (no documentário "Heima") e para tantos outro projetos.
O disco na embalagem fina de papelão, foi quem introduziu o Sigur Rós na vida e na lista de músicas de muitos ouvintes pelo mundo. Fenômeno que só retornaria a acontecer em 2005, quando o quarto álbum da banda, “Takk...” (que também circula entre os 50 melhores álbuns islandeses de todos os tempos, ao lado do impronunciável álbum de 2008) iria gerar novos fãs. O que se espera, agora, é que quando a caixa especial de 10 anos de lançamento de "Ágætis byrjun" no exterior saia o ano que vem, contendo materiais inéditos, materiais ao vivo, vídeos, textos e fotos, uma nova leva de público tome contato e gosto com a banda.
Então, enquanto você não recebe o disco de Jón e Alex (o "Riceboy sleeps"), ou enquanto a trilha sonora de "Ondine" não fica pronta (filme dirigido por Neil Jordan, trilha composta por Kjartan) ou enquanto nem o disco solo de Jón e nem o futuro e sombrio e ambient music álbum prometido pelo Sigur Rós e já em andamento não fica pronto, tire a poeira do seu álbum de capa preta com um feto anjo, ainda com cordão umbilical, junta as mãos em prece. Agora, se você leu até aqui e não tem a mínima idéia do que estou falando, este é um bom começo. Pois, como lemos no encarte prateado e curvo de "Ágætis byrjun": “a maior criação de deus, é um novo dia”.

08 julho 2009

Antologia de contos sobre o fim do mundo.

Finalmente, abro espaço para um novo marcador de tópicos discutidos nesse blog: "eu escritor". E, por se tratar de mim mesmo (afinal, como alguém poderia escrever algo que não fosse si mesmo?) e por se tratar de escrita (algo que desenvolvo aqui e algo sobre o qual desenvolvo aqui, também), peço que tenham paciência e se preparem para um texto longo e dramático, como só um texto biográfico poderia ser. Vejam só, até dei uma organizada no layout deste texto para amenizar a pieguice.

Pois bem, eu me lembro do meu último dia de aula no Jardim III (aquele ano escolar que antecedia a primeira série, e que ninguém sabia o que significava ou para que servia). Eu estava extasiante. A partir de então, eu poderia ler qualquer coisa que surgisse na minha frente. Eu já sabia todas as letras, até o o famoso "z". E foi então, como mágica, voltando para casa e pensando no video-game do Mario que iria jogar durante todas as férias antes de dar mais uma passo na minha educação, que meu primeiro grande desejo de vida surgiu: "quero ser um escritor".

E assim foi, quando crescesse, eu gostaria de ser um escritor. Essa deveria ser minha profissão, pois parecia a melhor do mundo (e ainda parece). Mas, esse foi apenas um dos desejos. O outro surgiria em decorrência da leitura. Naquele dezembro de 1989, lendo o "Manual do escoteiro mirim", descobri sobre os castelos e paisagens da Escócia. Nasceu ali o meu segundo grande desejo de vida: "Quero passar um tempo em outro país". Imediatamente, o terceiro e último grande desejo de vida acompanhou a lista: "Quero me casar com o verdadeiro amor para poder passar um tempo em outro país".
O tempo passou, obviamente. Orgulhosamente comprei e li meu primeiro livro ("Menino maluquinho", do Ziraldo) e comecei a escrever minhas primeiras histórias. Todas precariamente ilustradas e sempre sobre personagens de video-game, desenhos animados e contos que lia, afinal, eu tinha entre 7 e 9 anos. Foi só com 10 anos, que escrevi minha primeira história de verdade, como digo. Chamava-se algo como "O dia final do soldado eterno no campo universal" (um título quase do tamanho da história e que ambicionava mostrar algum conteúdo filosófico initeligível). Enfim, tratava-se de um conto sobre um militar aposentado morrendo de câncer devido a radiação da última guerra em que participou. O conto narrava os eventos finais de sua vida, quando este levava sua família para visitar o campo onde se travou a tal batalha, para que ele anunciasse o seu derradeiro e iminente fim.
Minha professora de ciências levou o texto para casa, leu, chocou-se e, no dia seguinte, me devolveu dizendo que não deveria me preocupar em escrever. Principalmente histórias com aquele conteúdo. Ela achava que uma criança feliz deveria brincar. (Curioso como na quinta série minha professora de português, que me odiava, dizia que ela nunca viveria para trabalhar um livro meu com os alunos dela; curioso, também, como no primeiro colegial a psicóloga da escola afirmou que meu problema era que eu lia demais e isso nunca me ajudaria).
Durante aquele resto de ano, não mais escrevi. Só retomei a escrita aos 11 anos, depois de uma série de eventos na minha vida e quando comecei a ler livros de vedade (como sempre digo). Influenciado pelo "Mundo de Sofia", escrevi "Cartas para um palhaço" (que considero minha primeira história séria e bem feita, muito embora hoje eu a ache terrível, simplista e vergonhosa). Depois disso, conheci Edgar Allan Poe e toda a minha vida mudou. Entendi que de fato eu poderia escrever algumas coisas que vinham na cabeça e poderia fazê-las bem feitas. ("Frankenstein", de Mary Shelley, também surtiria um efeito parecido, porém mais amplo, no ano seguinte).
Assim, escrevi contos policiais, contos de horror, contos de mistério, contos de morte e mais contos filosóficos até meus 15 anos, sempre pretendendo um dia publicar meu próprio livro de contos. Mas, algo aconteceu... Com 15 anos, li um livro do qual ouvira falar e ficara curioso desde os 14: "O senhor dos anéis", de J. R. R. Tolkien. Jogador de RPG desde os 11 anos (outra forma de contar histórias, diga-se de passagem), não podia deixar de ler sobre elfos e dragões. Naquele dia primeiro de abril em que comecei a ler, um pensamento me sobreveio: "posso, então, escrever sobre mitos e folclores".

Começaria a escrever minha primeira história longa, casualmente. Chamava-se "A lenda do elfo" e era divido em oito partes, cada uma contendo 15 contos em sequência, todos descrevendo um memsmo personagem. A idéia surgiu sem querer. Primeiro veio um conto, e, de repente, eu tinha escrito um outro conto onde aquele personagem aparecia. Percebi que podia contar toda a sua vida e fui escrevendo tudo fora de ordem para depois organizar linearmente (um procedimento parecido com o que Robert E. Howard fez com Conan). Mas "A lenda do elfo" mudou de nome, mudou de proposta e nunca foi para frente, nem deve ir. O melhor momento que a série teve foi uma longa e bela campanha de RPG!

Ciente de que poderia escrever fantasia, mas não desejava escrever fantasia, era hora de abrir meus olhos para novas letras. Conheci a literatura fantástica de Jorge Luis Borges e de Neil Gaiman. Era aquilo que queria escrever. E foi escevi desde então, embora o período da faculdade de psicologia tenha tido hiatos significativos na minha produção amadora.

E, mais uma vez, como sempre, o tempo passou. Ainda não era um escritor profissional e por tolice e medo, recusei possibilidades de publicar. Mas, então, eu já estava casado. Meu primeiro grande desejo muito bem realizado. E, logo em seguida, graças a minha verdadeiramente amada esposa, eu estava de viagem para o Japão, só a passeio, durante um mês. Um lugar em que eu nunca pensara em visitar e que mostrou o melhor lugar que o mundo poderia conceber (embora me falte conhecer todo o resto do mundo). Outro grande desejo da minha vida estava muito bem realizado. E assim como meus desejos nasceram juntos e entrelaçados, eles iriam se realizar juntos e entrelaçados.

No avião, sozinho, num vôo entre Tokyo e Izumo, vislumbrei o imenso e imponente monte Fuji. Pensei e anotei, ali mesmo, no meu diário: "O que aconeceria se a mulher, cujo corpo é o próprio monte Fuji, um dia resolvesse e se levantar e ir embora?". Até hoje não sei a resposta para essa pergunta e nem para tantas outras que surgiram durante a viagem. Mas, como toda boa pergunta, ela nunca saiu da minha memória. Pelo contrário, despertou várias outras perguntas.

Por exemplo: uma bela tarde, depois de trabalhar o dia todo para ganhar pouco e mal conseguir sustentar minha nova família de esposa e gatas, eu caminhava. Caminhava vendo um pôr do sol laranja e a mais movimentada avenida da minha cidade com centenas de carros e pedestres se expremendo violentamente. Não sei qual era o ruído que a cena produzia pois meu mp3-player estava em meus ouvidos. Tocava a música "Sæglópur" do Sigur Rós, do álbum de 2005 "Takk...". Quando o "Takk..." saiu, minha esposa ainda era minha namorada, e ela estava no Japão, de onde me trouxe minha cópia do tal álbum. Ouvindo a música fiquei me pensando em como nos matávamos para trabalhar e não aproveitávamos anda, em como a vida se tornaria selvagemente louca e todas essas outras crises existênciais típicas. Eu via o pôr do sol e me perguntava como ninguém aprava o que estava fazendo só para agradecer e louvar o sol. Mas, logo em seguida, a música acabou e deu início a "Hoppíppolla", também do Sigur Rós e também do "Takk...". O piano suave e alegre iniciava a melodia eos arranjos de corda. Foi com essa música que me casei. E me casei dentro de um ritual pagão, como não podia deixar de ser. E me casei a beira do Rio Grande, no pequeno vilarejo de Peixoto, onde moram apenas trabalhadores da usina hidroelétrica da região. Lá que passei minha lua de mel. Lá mora um lugar do meu coração desde que conheci. As montanhas, as águas, a paz, o vazio...




Com lágrimas nos olhos, surgiu uma nova pergunta: "o que aconteceria se o Rio Grande se levantasse e fosse embora sem avisar nada e nem ninguém?". Voltei para casa correndo, larguei as compras sobre a mesa, liguei meu computador e respondia essa pergunta. Até hoje, julgo ter sido o melhor conto que escrevi (e, inegavelmente, inspiradíssimo no realismo mágico e nof ormato dos diálogos escritos pelo meu maior influenciador desde o ano passado: José Saramago).

O conto chama-se "Na manhã seguinte" e é o conto que encerra a antologia "Dias contados", lançada pela Editora Andross no dia primeiro de agosto desse mesmo ano, na Biblioteca Temática Virato Corrêa, em São Paulo, a partir das 15 horas. O livro conta com 50 contos, sendo dois meus, um argentino (maravilhoso, diga-se de passagem) e um da escritora fantástica e revisora Helena Gomes (que eliminou todas as minhas características de Saramago para manter o padrão da editora). O livro é editado pelo quadrinista Edson Rossato e é organizado pelo administrador e escritor Danny Marks (cujo primeiro livro, "Universo subterrâneo", sai dia 7 de agosto, em Santos, mas minha cópia dos contos, autografáda, já está a caminho) e pelo crítico de cinema e escritor Ricardo Delfim.

Meu conto, "Na manhã seguinte", foi editado e revisado por Danny Marks (um bom amigo bruxo, hoje em dia). A edição foi feita de forma bem respeitosa, com discussões, sugestões e questionamentos dos lados, mantendo minhas palavras, minhas idéias, mas um pouco da visão mais ampla do Danny, afinal, ele era um dos organizadores. o outro conto, "Sete minutos", está na página 43 do livro. E, por opção minha (e sugestão do Danny), foi editado e revisado pelo Ricardo. Como já tinha um conto aprovado no livro, a ansiedade e pressão sobre mim era menor para que se aprovasse outro conto (embora, obviamente, queria muito sentir, de novo, o coração disparar, as mãos e a voz tremerem, os olhos marejarem e a boca se abrir apenas para inspirar e expirar o momento de ler "seu conto foi aprovado, parabéns"). O trabalho com o Ricardo, portanto, não contaria com nenhum proteção e foif eito de forma bem interessante, uma experiência rica para mim, trabalhar com outro editor/revisor. Nós trabalhamos de forma mais incisiva e prática, por assim dizer, com sugestões mais pontuais e drásticas do Ricardo, o que levou a um resultado final bem interessante.

Então, leitores, leitoras, amigos, amigas, familiares e, especialmente, minha amada, sai agora minha primeira publicação oficial e reconhecida. Não é só minha, mas já é um primeiro passo, não é uma editora de nome grande e pesado, mas é uma editora séria que busca lançar novos autores. Meu último grande desejo de vida se realiza. Agora eu posso morrer? Claro que não. Quero continuar casado, quero viajar mais e quero publicar mais e mais.

Mas, quer saber como surgiu o outro conto, "Sete minutos"? Bem, foi com um pergunta. Eu estava feliz e incrédulo de que um conto fora aprovado apra ser impresso em papel e distribuído pelo país. Era uma quinta-feira. Eu estava jantando com miha esposa e nossa situação financeira e profissional já estavam bem melhores (até começávamos a pensar em um dia visitar a Islândia, outro daqueles lugares perfeitos). ela falava sobre como o trabalho dela, na Secretaria da Saúde, era apocalíptico: epidemias, catástrofes naturais, violência. Ela disse que não estranharia nem um pouco se o celular dela tocasse naquele instante, anunciando uma invasão alienígena ou um ataque zumbi. Foi quando me veio a pergunta: "será que a prefeitura tem algum departamento público de segurança no apocalipse?". No sábado, acendi um cigarro, e respondi essa pergunta.

25 junho 2009

"Michael Jackson está morto."_ F. Nietzche

Cabe a nós, a partir de hoje e para todo o sempre, mostrar para as criancinhas que um dia houve um passo chamado Moonwalk, e todos tentavam imitá-lo. Para aqueles, como eu, que não sabem e não consegue dar o Moonwalk, resta a memória do Rei do Pop nos tempos em que era melhor e belo. Como na foto acima, onde ele está ao lado dos mesmos amigos com quem deve estar agora.

10 abril 2009

Foi_soh_uma_festa/?

São Paulo, uma noite de domingo. Eu deveria trabalhar no dia seguinte, mas não iria. Depois de 11 anos apaixonado, depois de 9 anos torcendo, depois de 8 anos ouvindo os boatos, a espera acabou... 35 mil pessoas, o trânsito tumultuado, pessoas com camisetas listradas e óculos, garotos barbudos e garotas descoladas. O ingresso na mão há 4 meses. Gato doente em casa e ainda assim me aventurei por aqueles asfaltos até chegar (e ainda parei em um posto de beira de estrada para dormir da perigosa exaustão).

Primeiro, os Los Hermanos voltaram. Tocaram bem e bastante. Nada demais, mas muita gente gostou. Depois, ao invés do Sigur Rós, do Mars Volta ou do Portishead, os clássicos alemães do Kraftwerk subiram aos palcos (e desceram, chamaram seus sósias robôs e depois voltaram luminosos e fluorescentes como no filme "Tron"). Uma honra vê-los, já valeria o ingresso. Mesmo que muita gente não tenha gostado, foi bem animado e muito bem produzido, especialmente o karaokê no telão.

Mas, não era para isso que estávamos lá. Embora saber da presença do Kraftwerk tenha animado muito. Eu e outros 34.999 (incluindo famosos) estávamos lá pelo mesmo motivo que 30 mil pessoas se reuniram dois dias antes no Rio de Janeiro: presenciar a guitarra e os ruídos do tímido Johnny Green Wood, sempre acompanhado do omisso irmão Colin Greenwood, e o simpático e empolgado Ed O'brian seguindo a bateria precisa e ritmada do Phill Sellway, e o esuisito Thom Yorke que só sabe. dizer "Obrigado" e "Boa noite", pela primeira vez no Brasil.

E era para ser só mais um festival, apenas uma festa, mas foi o melhor show dos últimos tempos de um das melhores bandas dos últimos tempos. Começou com "15 step" e seguiu por tantas outras de todos os diversos momentos da carreira, embora o último e novo "In rainbows" foi executado inteiramente.

Embora o Rio tenha tido "The gloaming", "Airbag", "No surprises", "I might be wrong", a fabulosa "Street spirit" (pelo menos eu também tive "There there"), "How to disappear completely" e "Just", São Paulo pôde presenciar outras raridades em setlists, como "You and whose army?", "Pyramid song", o lado b "Talk show host", a também fabulosa "Climbing up the walls", "Exit music", a popular "Fake plastic tree", "Lucky" e "Optmistic", além do fato de ter tido minutos a mais de show (ao longo das quase duas horas e meia), um gostinho de "True love waits" no início de "Evereything in tis right place" e uma música a mais no set list, a primeira e mais famigerada: "Creep", também tocada no Rio.

Ao todo foram 26 músicas muito bem tocadas e muitas vezes melhor do que na versão original de estúdio, como foi o caso de "Idioteque". As luzes epiléticas acompanhavam a dança em flashes do vocalista e suas caretas, embora haja quem tenha dito que o telão falhou (só eu não percebi, acho). Na verdade, eu estava mais é dançando, chorando, cantando junto, prestando a atenção, fumando, beijando minha mulher e pensando em como era legal ver aqueles caras dando tudo de si para mim e todas as outras pessoas que pagaram o preço do ingresso. E quando digo dar tudo de si, digo que eles tocaram de tudo, como a incomparável "Paranoid android" para exemplo.

Depois teve o tumulto para sair, o perigo de cair em um burcao, o trânsito engarrafado e sensação de voltar para casa bem e mal. Bem por ter visto um show inesquecível. Mal por ter visto visto um show inesquecível. Antes palavras pudessem descrever tais sensações, daí, eu conseguiria escrevê-las e bastaria isso para tornar reviver a boa sensação e o show insquecível.

03 abril 2009

Dia Internacional do Livro Infantil






Ontem foi dia 2 de abril: dia do meu a niversário. Certo, parabéns, obrigado, feliz aniversário, está bem. Dia 2 de abril, também, é o dia em que se lembra a morte do Papa João Paulo II. Ele morreu em 2 de abril de2005, mesmo ano em que se comemorava o bicentenário de Hans Christian Andersen, em Copenhagem na Dinamarca. Nessa tal celebração dos duzentos anos do nascimento do maior escritor de histórias infantis de todos os tempos, foi realizada uma apresentação do ballet dinamarquês com a música "The little match girl", composta pelo Sigur Rós especialmente para a ocasião e nunca lançada em CD, EP, single ou vinil.



A tal "Little match girl" ("pequena vendedora de fósforos") a que se refere o título é um conto de Andersen no qual uma menina sai de casa na noite da véspera de Natal para vender fósforos. Ela precisava vendê-los por que sua família é pobre e seu pai (possivelmente alcoolatra) iria bater nela se ela voltasse para casa sem dinheiro. Enquanto perambula pelas ruas, sozinha, ela imagina que crianças estejam desembrulhando presentes e comendo perus assados por trás das paredes das casas. Mas o frio vai ficando mais forte e ela decide acender os palitos de fósforos e pensar na sua avó (a única pessoa que a tratava bem) para poder se aquecer na neve. O conto acaba com a menina morta e congelada.



Triste, não é? Nem parece história para criança, mas é. Na verdade, todos os contos de fadas originais continham violência, horror, sexo e tristeza. Mesmo os contos coletados por Ésopo, Perrault, Jacob e Wihelm Grimm e tantos outros. Tais contos, os contos de fadas, descendem do folclore, das histórias populares contadas oralmente de geração a geração, sempre com o intuito de passar alguma moral para as crianças e entreter os adultos. Sim, você leu direito: adultos. Os adultos também fazem parte do público alvo dos contos de fadas. Tanto que a primeira publicação dos contos de fadas dos irmãos Grimm na Inglaterra foid estinada aos adultos, mas fez tanto sucesso entre as crianças que os autores resolveram por bem amenizar um pouco os conteúdos dos contos.



E foi aí que a coisa degringolou. Os adultos, crentes de as crianças são inocentes e burras, passaram a duvidar da capacidade delas em elaborar idéias a respeito de medo, desejo e morte. As histórias passaram a ficar mais bobas e pobres até que toda a sanguinolência e cobiça da "Cinderella" se tornasse um elegante e engraçado desenho animado da Disney. Com isso, a alma do conto era perdida, bem como muito de seu conteúdo mitológico e social. Sim, pois contos de fadas descendem de mitos, também. E todo mito revela uma história verdadeira, uma reflexão simbólica da psiquê humana e um contexto cultural.



Por sorte ainda temos autores que resgataram esse teor sombrio de volta para as crianças. É só as produções infantis de Tim Burton, ou os livros de Neil Gaiman e J. K. Rowling. Não por acaso, os maiores sucessos de crítica entre os consumidores: as crianças. Também, não é por acaso que o aniversário de Andersen se tornou o dia internacional do livro infantil. Esse escritor e pesquisador, coletou contos populares de diversos povos, recontou histórias antigas e ainda inventou uma nova gama de personagens, sempre trazendo histórias tristes, violentas, sombrias e luxuriantes, com grandes toques de magia. Ele ousou e acreditou no poder das crianças de crescerem enquanto pessoas. Acreditou que as crianças fossem tanto boas quanto más, identicas aos adultos.



Mesmo que se conte que os irmãos Grimm, ao receberem a visita de Andersen se anunciando como um colega de profissão, declararam nunca terem ouvido falar dele e o levá-lo a vergonhosas lágrimas com isso, muitas dos contos de fadas mais conhecidos no mundo são de Andersen: "A sereiazinha", "O patinho feio", "O valente soldadinho de chumbo", "As roupas novas do imperador", "O rouxinol" e "A rainha do gelo", para citar alguns exemplos. Personagens como Branca-de-neve e Rosa-vermelha até circulam em algum ou outra história sua, mas o mesmo acontece no folclore ingl6es, italiano, russo, norueguês e (pasmem!) chileno.



Então, termino deixando a dica para que mais adultos leiam mais contos de fadas e permitam que as crianças leiam os verdadeiros contos de fadas. Essa é a literatura suprema, não por acaso o próprio Tolkien assumia a dificuldade e a ambição em escrever contos de fadas. Ele até chega a assumir que "O senhor dos anéis" e os capítluos "Beren e Lúthien", "Túrin Turambar" e "Chegada em Gondolin" seguiriam as premissas de pessoas comuns se envolvendo em eventos mágicos e grandiosos, que seria a premissa básica de todo conto de fada. Agora, só falta chegar ao Brasil o marivilhoso conto de fada de Tolkien chamado "Smith of Wotton Major". Até lá, leiam Andersen e tenham a mente aberta, pois a Chapeuzinho Vermelho não foi salva pelo caçador, houve quem disse que o Lobo a despiu, alevou para a cama e a comeu (literalmente) e houve quem disse que ela rasgou a barriga do Lobo, pegou o cadáver de sua avó, fez uma sopa, tomou a sopa e ficou forte o suficiente para matar o Lobo com usas próprias mãos...

27 janeiro 2009

Entre 10 e 18: teorias da conspiração e lendas urbanas


Just a fest está chegando, para mim, será dia 22 de março, um domingo com Radiohead e Kraftwerk (ah, também vai ter Vanguart, ams quem se importa? E eles ainda chamam o show de só uma festa...). Bem, para quem ainda percebeu, sou bastante fã de Radiohead, apesar de achar o Thom York uma versão mais esquisita da arrogância e chatice do Bono Vox. Mas, nem sempre foi assim. Em 1992, quando a banda tinha abandonado o nome On Fridays e passado a se chamar Radiohead (dizem alguns que é por causa de uma música do Talking heads, dizem outros que era para que seus álbuns ficassem próximos ao R.E.M.), eles lançaram seu primeiro disco: o "Pablo Honey", uma versão triste e distorcida do movimento grungee.

Seria mais um álbum qualquer de mais uma banda qualquer se a música "Creep" não fizesse o sucesso que fez. Provavelmente, uma das músicas mais deprimentes da história e uma das músicas mais tocadas naquele ano. E Radiohead iria cair no esquecimento caso "The bends" não fosse lançado em 1995 e fizesse o sucesso que fez. Radiohead passava a ser uma banda de rock com apelo pop, graças ao sucesso da igualmente deprimente "Fake plastic tree" (lembrem-se que ela é tocada naquela famosa propaganda brasileira do Carlinhos e seu amiguinho em uma campanha contra o preconceito contra os portadores da síndrome de Down).

Mas, foi em 1997 que a banda e seu vocalista alcançaram o ápice (na verdade, praticamente a cada disco eles alcançam novos ápices): "Ok computer" chegou com a promessa de revolucionar o rock e mostrar a decadência e solidão desse nosso mundo mecanizado. A promessa foi cumprida, contra as expectativas de Thom Yorke, que se recuperava de alguma psicose e passava a ser chamado de gênio. Foi aí que tudo começou. Primeiro, os comentários de que "Creep" era um plágio de "Can't stop loving you" do Hollies, depois que era plágio "Every breathe you take" do Police, depois que era plágio da...

Bem, a lista não parou, mas essa era a menor das lendas urbanas e teorias da conspiração. Afinal, muitos não sabem, mas se você abrir bem o encarte do "Ok computer" na parte das letras e chacoalhar de um lado para o outro, as letras se tornam imagens, como por exemplo: "Paranoid android" vira um tanque de guerra e por aí vai. Na verdade, quando ouvi isso, fui tentar em casa,s em esperanças. Até hoje, continuo sem saber do que as pessoas estavam falando quando diziam que isso dava certo. Mas, como já escrevi no parágrafo acim, as teorias da conspiração e lendas urbanas não param por aí.
No ano 2000, para terminar um milênio, o Radiohead lançou o controverso "Kid a". Um disco de rock onde não se houve guitarras, apenas baterias eletrônicas e barulhinhos de computador (como eu sempre digo, o primeiro sinal de que Thom York sempre seria o cara do contra). Mas, isso não quer dizer nada, pois dizem por aí, que se você tiver dois cdplayers e dois "Kid a", você fazer o seguinte experimento e descobrir um disco novo, o disco que o radiohead realmente queria ter lançado: coloque o seu "Kid a" no seu cd player e dê play, quando a primeira faixa faixa, "Everything in its right place" estiver com 18 segundos rodados e o teclado e a voz de Thom Yorke gemendo nos alto-falantes, dê play no outro cdplayer que contém o "Kid a" do seu amigo. Pronto, está feito! Você estará ouvindo o "Kid 18", um álbum onde as músicas correm simultaneamente, mas com um sincornia atrasada em 18 segundos... Não é incrível?

Na verdade, não. Não há nada fantástico nessa audição, com exceção talvez da harpa em "Motion picture soundtrack" e da bateria em "Idioteque", ainda assim, você só consegue entender alguma lógica se você estiver realmente procurando por ela, por que do contrário, é só a invenção de alguém babca que utilizou a medida de 18 segundos aleatoriamente (na verdade, existem algumas explicações musicais para esse valor, mas existem versões dessa explicação que chegam até a apontar um música do Sigur Rós como referência, tentem descobrir qual, hehehe).

Certo, se as primeiras teorias estavam erradas, então o que dizer do "In rainbows"? O último disco do Radiohead ficou famoso no mundo todo pelo simples fato de que ele foi lançado em outubro de 2007, em um site criado especialmente para isso. Como a banda havia terminado o contrato com a gravadora Parlophone (o que geraria vários conflitos para mostrar que Thom Yorke sempre seria o cara do contra), "In rainbows" foi o primeiro álbum de uma grande banda, a ser lançado gratuitamente para download. Gratuitamente não, você pagava por ele. Pagava o quanto quisesse. Sim, isso mesmo, ente zero centávos até trocentos zilhões de dólares. Não se sabe ao certo qual foi o resultado da experiência, mas o Radiohead ganhou muito dinheiro assim, antes de lançar o álbum fisicamente nas lojas sob o selo de uma distribuidora estadosunidense.

Hummm.... não há algo de suspeito aí? Vejá só: qual o álbum de maior sucesso do Radiohead? "Ok computer", você diz e está certo. Esse nome não tem alguma semelhança com a forma como "In rainbows" foi lançado? Calma, não responda ainda, pense nas cores e fracções matriciais de um computador, também. Então, temos computadores e arco-íris, certo? Parece pouca a semelhança? Mas, então, que tal se fizermos uma conta simples? "In rainbows" saiu em 2007, "Ok computer" saiu em 1997, 2007 menos 1997, será igual a 10, 10 é formado por 1 e 0, ou seja, a lingugaem binária, o código pelos quais os computadores se comunicam em seu âmbito mais básico. Binário, ou seja, dois valores, como a quantidade de palavras que compõe os nomes dos albuns "Ok computer" e "In rainbows". Entendeu, agora?

Pois é, eu também não. Assim como não consegui entender quando matemáticos tentaram provar que o título da música "2+2=5" do Radiohead fazia sentido (conforme postei em outro ensaio), também não consigo entender como alguém 9provavlemnte muito desocupado), acha e desdobra essas teorias. Não entendeu ainda? É bem simples: "In rainbows" é uma continuação e/ou uma referência ao "Ok computer". Será que é o por quê os dois discos começam com vogais? Não, é por que se você ignorar a faixa "Happier filter" do "Ok computer" e colocar as músicas dos discos em sequência (por exemplo: "Airbag", "15 feets", "Paranoid android", "Bodysnatchers", etc...), você ouvirá, mais uma vez, o álbum que o Radiohead quis lançar, na verdade.

Ora, na verdade, o que você vai ouvir é uma sequência alternada de várias músicas boas, de dois álbuns bons de uma banda boa. Só. Não existe ligação entre as músicas e suas letras, nem nas referências a ficção cinetífica que o Radiohead costuma fazer. Sabe, às vezes acho incrível que ninguém ainda tenha dito nada sobre o fato de "Amnesiac", a sobre de estúdio do "Kid a", ter sido lançada três meses e três dias antes dos famosos ataques terroristas de 11 de setembro e trazer na primeira página do seu encarte, uma foto do World Trade Center e o título do filme "The decline and fall of roman empire".

18 janeiro 2009

Filus Aquarti, Bloop e R'lyeh


"Quando as estrelas se alinharem, os Grande Antigos despertaram de seu sono eterno e retornarão para tomar a Terra e os homens em horror, caos e loucura", ou alguma coisa deve dizer a profecia que permeeia qualquer conto de Lovecraft

sobre os, assim chamados, mitos de Cthulhu. Como se vê, cultistas de religiões antigas e hereges visam trazer essas poderosas criaturas ao mundo com rituais encontrados no Necronomicon (ainda não me esqueci que devo um post sobre o livro) ou portais dimensionais para a terra dos sonhos.


Mas, e se o nosso tempo for tempo certo? E se o retorno de Cthulhu, Hastur e todos os outros for agora? Lembrem-se que nos post "o chamado de Dagon", eu mostrava como Cthulhu, na verdade, fazia referência a uma série de deuses, entre eles o Filus Aquarti, que esqueci de mencionar, mas que, menciono agora, diz respeito a um personagem literário de Arthur Machen, famoso escritor galês de terror e uma das fontes de inspiração para Lovecraft. Seu Filus Aquarti veio de seu conhecimento sobre a Golden Dawn, uma ordeme sotérica e um caminho mágico muito popular do qual Sonia Green, ex-esposa de Lovecraft, também fazia parte (certo, a parte sobre Sonia Green é um boato, apenas).


Contudo, não podemos nos esquecer da universalidade do mito de homens-peixe, ou seres inteligentes e humanóides que habitam as águas do mundo todo, como as sereias, ondinas, yaras e o clero medieval (de acordo com algumas gravuras da época). Tais homens-peixes, assim como a serpetne Leviatã da "Biblia Sagrada", surgem nos mitos de Cthulhu e na obra de Lovecraft como os seres das profundezas (e seus híbridos com humanos) e o pai Dagon e mãe Hydra, respectivamente.


Teorias da conspiração apontam que Lovecraft sabia sobre algo (coisa que pretendo refutar no meu já prometido futuro post sobre Necronmicon). Mas, coincidência ou não, em 1997, no oceânico pacífico, razoavelmente próximo ao Chile, mais precisamente nas aproximadas coordenadas Latitude Sul 50' e Longitude Oeste 100', a N.O.A.A. (uma instituição internacional que monitora as águas desde os tempos da Guerra Fria, como forma de previsão de ataques russos ou estadosunidenses) captou um ruído que eles chamam de "bloop". Bloops são uma espécie de ronco ou rangido, sem identificação.


Acontece que esse bloop, o maior já registrado, durou mais de um minuto e parece ser de origem animal. Seu volume é elevado e não se assemelha a nenhum outro ruído pelos animais marinhos já encontrados. Há quem diga que se trate de uma baleia maior que a baleia azul, mas nenhum mamífero cetáceo viveria na profundidade dos 5000 metros de onde se originou o bloop. Outros apontam que se trate de um cefalópode pré-histórico ainda desconhecido.


O que há de curioso nisso? Procurem em um mapa para ver a distância entre coordenada que apresentei anteriormente e a coordenanda seguinte: Latitude Sul 47'9 e Longitude Oeste 123'43. Parece perto? Pois bem, essa é a localização de R'Lyeh no conto "O chamado de Cthulhu", de Lovecraft. Nesse conto de 1925, um dos primeiros e mais importantes sobre os mitos de Cthulhu e Necronomicon, Lovecraft revela quem é o deus antigo e alienígena Cthulhu, bem como sua morada em uma estranha cidade submersa chamada R'Lyeh. E quem sabe como é a aparência de Cthulhu, já deve ter imaginado sobre o que me referia quando citei a possibilidade de um cefalópode...


Estará Cthulhu despertando? Será ele um deus mesopotâmico? Ou um animal desconhecido e antigo? O fato é que, em 2003, esse bloop foi novamente ouvido pelos sensores, mas desta vez, próximo ao Japão. Algo grande está se movendo no fundo do oceano pacífico, vamos torcer que nossos amigos em Tokyo não precisem enfrentar mais esse monstro gigante.

16 janeiro 2009

Lovecraft e mitos em seis palavras


Como podem notar pelo título deste post em seis palavras pretendo resumir muitas das obras de Lovecraft, seguindo o próprio exemplo do título do post que o resume nas seis palavras determinadas. A idéia surgiu de um jornal inglês de uns dois anos atrás que desafiou autores e leitores a escreverem microcontos em apenas seis palavras. Além desse concurso, importantes e famosos escritores contribuíram apra a brincadeira, incluindo Alan Moore, que além dos maravilhosos quadrinhos que escreve, produziu preciosíssimos contos com seis palavras. Aliás, dentre as inúmeras referências a obra de Lovecraft que encontramos na cultura popular, muitas delas estão em Alan Moore.

De qualquer forma, segue abaixo microcontos inspirados nos contos e noveletas de Lovecraft. A idéia é simples e idêntica a outra, usando apenas seis palavras, o que inclui artigos, preposições e conjunções, contar uma história, de preferência boa. Um divertido desafio para qualquer escritor, talentoso ou não. No meu caso, me propus a recontar toda a complexidade dos mitos de Cthulhu nas variadas formas que Lovecraft usou-o. Tentem aproveitar, minha esposa é muito melhor nisso do que eu:

"Descobrira o segredo da família: monstros".

"Inominável e indizível, fora do tempo".

"Descobrira o segredo da família: bruxaria".

"Invocou. Não viu. Veio a loucura".

"Descobrira o segredo da família: Necronomicon!".

"Invocaram. Não viu. Veio a loucura".

"Descobrira o segredo da família: incesto".

"Um caótico assombro rastejante: sua esposa".

"Descobrira o segredo da família: canibalismo".

"O reanimador abriu a porta. Zumbis!".

"Descobriu um segredo de família: peixes".

"Alguém levantou da tumba. Fugiu. Enlouqueceu".

"Imigrantes negros e asiáticos. Cultuavam Cthulhu".

"Em Arkhan. Necronomicon desaparecido. Yog-sothoth voltaria".

"Em Dunwich. Vacas mortas. Yog-sothoth voltou".

"Antártica: 'os antigos! Os antigos!'. Enlouqueceu".

"Amnésia? Não, foram alienígenas do passado".

"Fez o experimento. Outras dimensões. Enlouqueceu".

"Randolph Carter se foi. Voltou? Enlouqueceu".

"Investigou uma casa. Bruxaria. Segredo familiar".

"Investigou uma casa. Bruxaria. Ratos falantes".

"A casa ruiu. Ratos nas paredes".

"Descobrira o segredo da família: imortalidade".

"O alquimista morreu, voltou e enlouqueceu".

"A cor caiu. Cinzas. Inclusive eu".

"Randolph Carter se foi. Voltou alienígena".

"Sonhou. Teve medo. Tornou sonhar. Enlouqueceu".

"No fundo, ritos infernais. Estava sozinho".

"Nas profundezas, cidades esquecidas. Estava cercado".

"Uma torre ciclópica de ângulos impossíveis".

"Desenterrou cemitérios. O sabujo logo atrás".

"Necronomicon sobre a mesa. Leu. Enlouqueceu".
"Descobrira o segredo da família. Enlouqueceu".
Bem, por enquanto é só. Espero contribuir com mais algumas no futuro, mas acho que o que temos por aqui pode incentivá-los a produzir seus próprios contos, sobre Lovecraft ou não. Afinal,:
"Escreveu. Guardou até que morresesse, louco".

Viagem ao país da bandeira em branco

Este pretensioso ensaio que aqui posto hoje vem tratar, mais uma vez devo dizer, sobre algo que não está relacionado com as três principais referências na descrição deste blog, tolkien, lovecraft e sigur rós, mas obviamente vem tratar sobre a última referência encontrada que assume todas as outras coisas que o valham, e acredito que tratar sobre a obra de josé saramago é uma outra coisa que vale, pois o autor nascido em portugal em dezesseis de novembro de mil novecentos e vinte e dois, e por conseguinte o único escritor de língua portuguesa a receber o prêmio nobel da literatura em mil novecentos e noventa e oito, tem em sua extensa e excelente obra poesias, reportagens, contos reflexões, memórias e romances que cercam o fantástico, o realismo mágico, por assim dizer, fazendo-nos crer que ao longo de seus intermináveis parágrafos e frases, ao longo de seus intricados diálogos e pensamentos, a narrativa pode nos levar a uma viagem, afinal saramago parece adorar a idéia de viagens, até um país cuja bandeira deve ser branca, branca como a cegueira, branca como os votos de seus cidadãos, mas sempre ficará a dúvida sobre qual país é esse, um país fictício de certo, como ele e seus críticos afirmam, mas quem sabe um país próximo e conhecido, como ouso concluir ao final desse já anunciado pretensioso ensaio, e antes que eu me refira aos dois ensaios de saramago que me levaram a deduzir sobre esse país de bandeira branca, devo dizer antes de mais nada o ensaio sobre a cegueira e o ensaio sobre a lucidez que não se tratam especificamente de ensaios e sim de romances, continuo dizendo da onde parei que antes que eu me refira aos dois ensaios de saramago que me levaram a deduzir sobre esse país da bandeira em branco acho importante fazer um pequeno retrospecto de sua obra que inclui tantos livros bons, famosos e importantes que fica difícil listá-los e comentá-los a todos, restando-me apenas seguir uma linha mais frágil e ao mesmo tempo mais consistente, que começa não com o seu primeiro romance, que deveria se chamar a viúva mas acabou sendo chamado de terra do pecado e foi descriminado pelo próprio autor, mas começa com o memorial do convento escrito em mil novecentos e oitenta e dois e já lá se apresentava o inconfundível estilo de saramgo sem letra maiúsculas, sem travessões, sem aspas e sem parênteses, apenas uma mistura de palavras bem arranjadas e com muita sorte de produzir um momento histórico e fictício importante em portugal, o mesmo que ocorre em dois outros livros de saramago, o ano da morte de ricardo reis e a história do cerco de lisboa, sendo que o primeiro, escrito em mil novecentos e oitenta e quatro, trata sobre a morte do famoso pseudônimo do famoso poeta poeta português fernando pessoa, tão adorado por saramgo e outros autores e leitores em todo o mundo, mas como eu ia dizendo, uma outra produção que aborda portugal é a jangada de pedra, na qual a península ibérica se destaca do continente europeu e passa a vagar pelo oceâno como uma ilha, uma jangada de pedra a qual o título do livro se refere e onde saramgo pôde expressar artísticamente sua controversa opinião de que a espanha e portugal deveriam integrar um único e mutuamente benéfico país ibérico, o que incluiria o país basco mas excluiria a frança, uma questão importante a ser discutida aqui lgo adiante, antes devo dizer também que outra polêmica que saramago causou e viveu envolve a humanização do messias das religiões cristãs em seu popular livro o evangelho segundo jesus cristo, não bastasse isso, seus parececres a cerca da atual situação das explosões na faixa de gaza causaram furor entre os judeus, que não compreenderam suas insinuações e o processam sob a acusação de antisemitismo, bem como a sociedade norte americana de apoio aos deficientes visuais foi boicotar o lançamento do filme ensaio sobre a cegueira, dirigido pelo brasileiro fernando meirelles inspirado no livro de homônimo de saramgo, lançado em mil novecentos e noventa e cinco e que é o ponto de partida para esse meu ensaio sobre uma viagem ao país da bandeira em branco, pois nesse livro conta-se a história de um país fictício onde as pessoas são acometidas por uma cegueira branca que os pega de súbito e os põe a enxergar uma imaculada brancura que nunca os cega em completa escuridão e tão pouco permite que enxerguem qualquer outra coisa, com a exceção de uma personagem mulher de um médico oftalmologista que se recusa a ficar cega e por conta disso, sofre por ver como os valores da sociedade são subvertidos quando ninguém mais se importa de defecar diante de outro, estuprar por comida ou qualquer outra agressividade imposta que pode acontecer quando se isola todos esses cegos em um manicômio abandonado,s em estrutura e sem recursos, obviamente, quando a água parece ser mal usada e quando também as autoridades se encontram cegas, sabe-se que toda a cidade encontra-se em uma guerra de esbofeteamentos de cegos por comida, mesmo que seja a carne de um cachorro vira lata, até que tão subitamente como começou a cegueira termina, depois disso ficamos sabendo que quatro anos se passaram e ninguém nunca mais ousou falar nos abusos e horros que sofreram ou inflingiram uns nos outros durantes aquelas semanas, ficamos sabendo sobre isso no livro ensaios sobre a lucidez, escrito em dois mil e quatro, quando saramgo retoma alguns dos personagens do livro que lhe rendeu o prêmio nobel, muito embora o nobel não seja dado a uma obra e sim a um autor que o mereça, de qualquer forma volto a onde estava para contar que naquele mesmo país onde as pessoas não tem nomes e os livros tem nomes como livro das crueldades ou livro das previsões, uma nova brancura se instala no país quando oitenta e três porcento da população de um país vota em branco em um determinada eleição, sendo que a maioria daqueles que não elegeram o partido de direita ou o partido do meio ou o partido da esquerda, que para desgosto de saramgo nunca é eleito mesmo, se encontram na capital desse país e como resolução para esse conflito cerca a cidade sob vigilância militar e muros, em uma manobra semelhante a que foi tomada nos tempos da cegueira mas com medo de que mais uma vez aquelas situações ocorram o governo ousa falar sobre os incidentes da cegueira e sugera que os habitantes pacíficos da capital façam o mesmo, acontece que os habitantes da capital estão vivendo bem sem seus governos e milícias, trabalhando, estudando e levando suas vidas para frente, mesmo economicamente, sem rancores ou qualquer outra coisa que o valha para trazer o caos novamente para suas ruas, com a exceção de um cidadão aquele primeiro que cegou nos tempos da cegueira branca e que, depois de se divorciar da mulher que ofereceu o corpo em troca de comida no manicômio, manda uma carta até as autoridades de fora do cerco para contar que houve uma mulher que não cegou quatro anos atrás e que acreditava-se que podia ser a causadora dos votos em brancos, um comissário chefe de investigação vai se informar e se simpatiza com a mulher do médico e seu cão de nome Constante que outrora lhe enxugara as lágrimas, entretanto, determinados a acabar com a vergonha que a população causou ao governo ela e o cão são executados como era de se esperar e como era de se esperar também a população tornou ficar cega, não que já estivesse antes, mas agora a cegueira era física e não mental como antes, pouco se sabe como essa situação foi resolvida mas em dois mil e cinco saramago publicou as intermitências da morte, um livro onde a partir da meia noite que inciaria um ano ninguém mais morreu em um país fictício, não indicações de que seja o mesmo país mas sabe-se que também um país onde as autoridades são burras e radicais, temerosas e prolixas, um país onde bandeiras brancas são estiradas para comemorar a ausência do luto até que a morte resolva tornar a matar, o que gerou inconformismo da população e da milícia, agora é interessante notar como esse país se assemelh a portugal em muitos aspectos muito embora seja dito que o país não sofra de terremotos e sabe-se que lisboa já foi vítima de um poderoso tremor de terra no final do século dezenove o que me leva a pensar que talvez saramago se refira a um país ibérico, ou seja o portugal que nasceu com a espanha em que vive, onde aliás se desenvolve seus romances cadernos de lazarote um e cadernos de lanzarote dois, publicados antes de todos os nomes e a caverna, sendo que o primeiro, de mil novecentos e noventa e sete lhe causou uma certa insegurança por ser o primeiro a publicar depois da nomeação ao nobel o que significaria que ele seria aguardado com grandes expectativas, que foram cumpridas diga-se de passagem, mas isso não importa agora o que importa é saber que quando viajamos até um país de bandeiras em branco, como o fizemos nesse ensaios, na verdade estamos viajando até os nossos próprios países cujas bandeiras brancas foram pintadas e viajamos até nós mesmos, como sugere o conto infantil de saramago chamado o conto da ilha desconhecida, também de mil novecentos e noventa e sete e também em um país onde não se há nome apenas burocracias e o sonho de um homem que antes de se aventurar em seus sonhos e seus amores quer descobrir uma ilha desconhecida e vai pedir um barco para seu governante, mas esse é um país monárquico diferentemente do parlamentarismo do país das outras obras de saramago o que sugeriria um passado para o país de bandeira em branco, embora em intermitências da morte saiba-se que há uma rainha no país de pouca efetividade como na inglaterra, e uma solução para nosso problema, ou melhor dizendo, ensaio sobre um país onde as bandeiras só poderiam estar branco.

10 janeiro 2009

O fim de um trilogia


Em seu álbum de 2004, "Hail to the thief", o Radiohead iniciava com uma música chamada "2+2=5". Uma expressão um tanto quanto comum e que, alunos de um certo curso de matemática, tentaram comprovar aplicando uma função binomial em um trinômio quadrado perfeito. Falharam por causa de um detalhe ignorado, o que não vem ao caso aqui. Mas, o que talvez possa nos interessar é que Christopher Paolini, nascido em 1983 na Califórnia (que junto com outros 49 estados, incluindo o Alasca e o Havaii, formam os Estados Unidos da América), conseguiu a seguinte fórmula: 1+1+1=4.

O que surgiu em 2002 como a "Trilogia da Herança", passou a ser chamado de "Ciclo da Herança" a partir de 29 de agosto de 2007, depois um pronunciamento do próprio escritor. Tudo isso aconteceu por causa de seu primeiro livro, "Eragon" que começou a escrever quando tinha 15 anos e terminou quando tinha 19 (publicando-o para o mundo todo no ano seguinte). "Eragon" trata da história de "Star Wars" na Terra-média. Sim, é verdade. A história de fantasia com cavaleiros, dragões e magia é exatamente a mesma: jovem fazendeiro vive com tio por não saber quem é seu pai, mas, mal sabe ele, que está destinado a pertencer a uma extinta ordem de cavaleiros que foi traída pelo Imperador, que fora treinado pelo mestre que Eragon. Não é a mesma história? Se trocarmos Eragon por Luke, Brom por Ben e Galbatorix por Vader, teremos tudo pronto.

Mesmo assim, devemos dar o seguinte crédito a Paolini: sua saga é boa. Embora se pareça com uma aventura de RPG com um sistema de magia complicado e contraditório (um mago pode tudo e ainda assim não ousa nada?), ele trabalha com clichês e arquétipos. Ora, clichês só se tornam clichês por dar certo, não é? Por essa razão, o autor que estudou sob a tutel dos pais em casa e que teve total apoio e editores e amigos, se tornou um sucesso comercial e de apelo popular equivalentes ao de Harry Potter ou o recente "Crepúsculo". Entretanto, o filme de 2005 foi um fracasso (de publico, crítica e qualidade, apesar da produção esmerada), o que declinou o foco sobre a, então, "Trilogia da Herança" (como Paolini batizou sua saga).

E se "Eragon" começou como uma divertida aventura de viagens, batalhas, paisagens, amigos e histórias, o segundo volume foi além e tentou mostrar a seriedade dos eventos que circundavam a vida daquele jovem abandonado. Envolto em guerras políticas e poderes antigos, "Eldest" (mantendo o mesmo nome no Brasil, que poderia ser "o mais velho"), revelava a verdade sobre a ordem dos cavaleiros de dragões, sobre a magia, sobre os elfos e sobre a identidade do pai de Eragon.

E o segundo livro começa muito bem. A escrita mostra uma evolução em relação ao volume anterior, assim como a personalidade dos personagens. Eragon abandona a rebelião contra o Império e parte em busca de aprimorar o seu apredizado e o de sua dragoa Saphira. Em sua viagem, trava contato íntimo com a cultura dos anões, o que deve ser o ponto do livro. Um cultura subterrânea (como a de qualquer anão de literatura de fantasia medieval que se preze), mas voltada para antigas tradições e envolvimento com religião. Seus guerreiros sãos eres únicos, bem como seus costumes.

Entretanto, quando conhecemos mais a fundo a sociedade e o país dos elfos do continente Alagäesia, travamos contatos com uma insossa cultura de elfos da Terra-média com metafísica e zen-budismo. Sim, os elfos devem ser japoneses (até na aparência, diga-se de passagem). Eu nada tenho contra os japoneses, pelo contrário, os mais atentos podem reparar nesse blog o quanto eu devo para o Japão e seus habitantes. Mas, a filosofia zen e os princípios de criatividade e destrutividade do hinduísmo, parecem muito fora da realidade de um mundo como o de Eragon. penso que esses conceitos ficariam melhor em outros universos e histórias, sei lá.

Creio que a pior parte é tentar transformar Eragon em um elfo e curar sua ferida nas costas. O argumento é que com aquela cicatriz, ele jamais conseguiria enfrentar Galbatorix. Mas, ora, aí está a graça! Por que não tentar derrotar oa dversário de forma inovadora, apesar dos sofrimentos? Não, Paolini optou por ter como centro de sua história um personagem humano/elfo/anão, telepata, cavaleiro de dragão e mago/feiticeiro. Indestrutível, de certo. Perfeito e ainda assim completamente inútil contra o intocável vilão da série.

Obviamente, o livro termina com uma batalha entre Eragon e Murtagh (seu amigo desaparecido), onde ele descobre que são irmãos e filho do maior vilão de Alagäesia, depois de Galbatorix. Lembro da minha mulher acabar de ler o livro e gritar: 'por que o Murtagh não cortou a mão de eragon e o convidou a governar a galáxia como irmãos?'. Eu ri. Mas, também me lembrei que "Eldest" tinha um ponto alto: Roran, o primo de Eragon, uma pessoa normal, apaixonada, que se refugiou com seu povo e se mostrou alguém cheio de sofrimentos por entrar lutas de vida e morte. Uma história que foi anrrada ao longo de todo o segundo volume, paralela e independente da saga de Eragon e Saphira.

Assim, em 2007, quando muitos esperavam um livro de capa verde, com um dragão verde na capa e o título de "Empire" (por conter seis letras e começar com "e"), Paolini anunciou que não mais escreveria uma trilogia. O último volume da série estava ficando muito grande e decidiu dividí-lo em dois, fazendo assim de sua saga um ciclo. O "ciclo da herança" (herança, aliás, é o nome de um capítulo tanto em "Eldest" quanto em "Brisingr"). Muitos torceram o nariz por Paolini parecer estar buscando vender mais livros, outros gostaram da idéia de adiar o fim da saga para poder ler mais eventos dentro da história. O fato é que Paolini seguiu os caminhos de Hollywood, nos últimos anos: divir "O hobbit" em dois filmes ou "Harry Potter e as relíguias da morte" em dois filmes, também.

Assim sendo, no final de 2008, dois anos depois do segundo volume do agora "Ciclo da herança", chegava "Brisingr", com a capa preta e o dragão dourado Glaedr desenhado, oito letras no título mas começando com "b" e, até mesmo, um subtítulo: "ou as sete promessas de Eragon Matador de Espectros e Saphira Bjärtuskullar". "Brisingr" também não teve seu título traduzido para o português, mas significa "fogo" na língua inventada por Paolini para que seus elfos falassem (e a língua se parece, mas não é quênya ou sindarim).

Para quem pretende ler e ainda não leu, devido ao recente lançamento, eu resumo os próximos parágrafos da seguinte forma: mais uma vez, Eragon Skywalker enfrenta o Imperador Darth Galbatorix, depois de resgatar a amiga Katrina Solo das garras de Jabba Razac, depois do que parte para terminar seu trinamento com o Mestre Yodoromis em Du Dagoba, enquanto seus amigos da Rebelião continuam tentando destruir a fortaleza impenetrável de seu adversário e colocar Jedi do Dragão contra Jedi do Dragão em uma batalha final.

Para quem ficou interessado nas referências ao universo "Star Wars" e não se importa em saber um pouco mais, devo dizer que a escrita de Paolini nesse terceiro (e quem sabe penúltimo volume) se mostra ainda mais competente, de forma que seus personagens se parecem mais profundos do que de fato são ou que a situação do mundo é mais complexa do que fato é. Com base nisso, o livro começa com um excelente primeiro capítulo de busca. Porém, logo o livro embarca em tediosas centenas de páginas onde a falta de acontecimentos só é quebrada por insistentes conflitos físicos que só resolvem com espadas.

E apesar da presença marcante de Roran (que depois da metade do livro fica quase completamente apagada) só por volta da página 400 é que temos eventos dignos de nota. Eragon, mais uma vez, se aproxima do interessante reino dos anões e presencia mais coisas de sua cultura, de seus atentados, de suas coroações e de sua religião (incluindo a supreendente aparição de um deus, Gûntera). Apesar disso, a partir da página 500, com a desculpa de uma iminente e importante batalha, tudo se torna muito rápido: o fim do treinamento de Eragon junto aos elfos e a própria batalha final do livro (e não de Eragone Galbatorix). A batalha tem seu charme, devido a ser bem diferente das batalhas anteriores. Eragon atua de forma a permitir que o exército varden ganhe sobre Feisten, mas não luta contra nenhum grande vilão (só um Espectro, como Durza, mas isso logo é resolvido). Outro momento curioso nessa batalha, é o lampejo do que Oromis e Glaedr passam quando enfrentam o próprio Galbatorix (na, quase, primeira aparição do vilão, bem diferente do que acontece com Sauron, em "Senhor dos anéis").

Portanto, tanto o livro, quanto meu post de hoje, chega a um fim com a perspectiva de mais um volume pretensioso em seriedade e recheado de nomes (tanto quanto ou mais que o "Silmarillion"), enigmas e relações entre personagens. Penso que a destruição do Anel e consequentemente da Estrela da morte, se dará no conflito final com sabres de luz entre Ergon e Galbatorix.... Até lá, sugiro que tanto o leitor quanto o escritor diminuam suas expectativas para que o livro corresponda, apenas, ao que de fato representa: mais uma obra literária de fantasia, bem escrita e divertida. Não mais do que isso. Nada de revolução do gênero, sabedoria infinita ou coisa que o valha. "Eragon" fez sucesso por sua simplicidade, por que a trilogia não pode ter um epílogo tal qual?
"Brisingr" não muda tanta coisa na saga de Eragon quanto se espera, ele acaba quase como "Eldest", certa forma. Então, já que o autor resolveu alongar essa boa série de livros, ele poderia aproveitar e fazer um livro que seguisse a tradição dos dois primeiros (capa da cor do dragão, seis letras sendo a primeira "e"), de forma que "Brisingr" seja apenas um interlúdio entre "Eldest" e o suposto "Empire". Que a "Herança" volte a ser uma trilogia, pois se ainda fosse, "Brisingr" seria um 'final' frustrante para Eragon. Não só pelo que ainda falta ser feito pelo herói, mas pelo que a série poderia proporcionar.
Terminada minha inveja de um bom autor de sucesso com a mesma idade que a minha, retomo agora as outras leituras que estão na lista para esse ano.