27 janeiro 2009

Entre 10 e 18: teorias da conspiração e lendas urbanas


Just a fest está chegando, para mim, será dia 22 de março, um domingo com Radiohead e Kraftwerk (ah, também vai ter Vanguart, ams quem se importa? E eles ainda chamam o show de só uma festa...). Bem, para quem ainda percebeu, sou bastante fã de Radiohead, apesar de achar o Thom York uma versão mais esquisita da arrogância e chatice do Bono Vox. Mas, nem sempre foi assim. Em 1992, quando a banda tinha abandonado o nome On Fridays e passado a se chamar Radiohead (dizem alguns que é por causa de uma música do Talking heads, dizem outros que era para que seus álbuns ficassem próximos ao R.E.M.), eles lançaram seu primeiro disco: o "Pablo Honey", uma versão triste e distorcida do movimento grungee.

Seria mais um álbum qualquer de mais uma banda qualquer se a música "Creep" não fizesse o sucesso que fez. Provavelmente, uma das músicas mais deprimentes da história e uma das músicas mais tocadas naquele ano. E Radiohead iria cair no esquecimento caso "The bends" não fosse lançado em 1995 e fizesse o sucesso que fez. Radiohead passava a ser uma banda de rock com apelo pop, graças ao sucesso da igualmente deprimente "Fake plastic tree" (lembrem-se que ela é tocada naquela famosa propaganda brasileira do Carlinhos e seu amiguinho em uma campanha contra o preconceito contra os portadores da síndrome de Down).

Mas, foi em 1997 que a banda e seu vocalista alcançaram o ápice (na verdade, praticamente a cada disco eles alcançam novos ápices): "Ok computer" chegou com a promessa de revolucionar o rock e mostrar a decadência e solidão desse nosso mundo mecanizado. A promessa foi cumprida, contra as expectativas de Thom Yorke, que se recuperava de alguma psicose e passava a ser chamado de gênio. Foi aí que tudo começou. Primeiro, os comentários de que "Creep" era um plágio de "Can't stop loving you" do Hollies, depois que era plágio "Every breathe you take" do Police, depois que era plágio da...

Bem, a lista não parou, mas essa era a menor das lendas urbanas e teorias da conspiração. Afinal, muitos não sabem, mas se você abrir bem o encarte do "Ok computer" na parte das letras e chacoalhar de um lado para o outro, as letras se tornam imagens, como por exemplo: "Paranoid android" vira um tanque de guerra e por aí vai. Na verdade, quando ouvi isso, fui tentar em casa,s em esperanças. Até hoje, continuo sem saber do que as pessoas estavam falando quando diziam que isso dava certo. Mas, como já escrevi no parágrafo acim, as teorias da conspiração e lendas urbanas não param por aí.
No ano 2000, para terminar um milênio, o Radiohead lançou o controverso "Kid a". Um disco de rock onde não se houve guitarras, apenas baterias eletrônicas e barulhinhos de computador (como eu sempre digo, o primeiro sinal de que Thom York sempre seria o cara do contra). Mas, isso não quer dizer nada, pois dizem por aí, que se você tiver dois cdplayers e dois "Kid a", você fazer o seguinte experimento e descobrir um disco novo, o disco que o radiohead realmente queria ter lançado: coloque o seu "Kid a" no seu cd player e dê play, quando a primeira faixa faixa, "Everything in its right place" estiver com 18 segundos rodados e o teclado e a voz de Thom Yorke gemendo nos alto-falantes, dê play no outro cdplayer que contém o "Kid a" do seu amigo. Pronto, está feito! Você estará ouvindo o "Kid 18", um álbum onde as músicas correm simultaneamente, mas com um sincornia atrasada em 18 segundos... Não é incrível?

Na verdade, não. Não há nada fantástico nessa audição, com exceção talvez da harpa em "Motion picture soundtrack" e da bateria em "Idioteque", ainda assim, você só consegue entender alguma lógica se você estiver realmente procurando por ela, por que do contrário, é só a invenção de alguém babca que utilizou a medida de 18 segundos aleatoriamente (na verdade, existem algumas explicações musicais para esse valor, mas existem versões dessa explicação que chegam até a apontar um música do Sigur Rós como referência, tentem descobrir qual, hehehe).

Certo, se as primeiras teorias estavam erradas, então o que dizer do "In rainbows"? O último disco do Radiohead ficou famoso no mundo todo pelo simples fato de que ele foi lançado em outubro de 2007, em um site criado especialmente para isso. Como a banda havia terminado o contrato com a gravadora Parlophone (o que geraria vários conflitos para mostrar que Thom Yorke sempre seria o cara do contra), "In rainbows" foi o primeiro álbum de uma grande banda, a ser lançado gratuitamente para download. Gratuitamente não, você pagava por ele. Pagava o quanto quisesse. Sim, isso mesmo, ente zero centávos até trocentos zilhões de dólares. Não se sabe ao certo qual foi o resultado da experiência, mas o Radiohead ganhou muito dinheiro assim, antes de lançar o álbum fisicamente nas lojas sob o selo de uma distribuidora estadosunidense.

Hummm.... não há algo de suspeito aí? Vejá só: qual o álbum de maior sucesso do Radiohead? "Ok computer", você diz e está certo. Esse nome não tem alguma semelhança com a forma como "In rainbows" foi lançado? Calma, não responda ainda, pense nas cores e fracções matriciais de um computador, também. Então, temos computadores e arco-íris, certo? Parece pouca a semelhança? Mas, então, que tal se fizermos uma conta simples? "In rainbows" saiu em 2007, "Ok computer" saiu em 1997, 2007 menos 1997, será igual a 10, 10 é formado por 1 e 0, ou seja, a lingugaem binária, o código pelos quais os computadores se comunicam em seu âmbito mais básico. Binário, ou seja, dois valores, como a quantidade de palavras que compõe os nomes dos albuns "Ok computer" e "In rainbows". Entendeu, agora?

Pois é, eu também não. Assim como não consegui entender quando matemáticos tentaram provar que o título da música "2+2=5" do Radiohead fazia sentido (conforme postei em outro ensaio), também não consigo entender como alguém 9provavlemnte muito desocupado), acha e desdobra essas teorias. Não entendeu ainda? É bem simples: "In rainbows" é uma continuação e/ou uma referência ao "Ok computer". Será que é o por quê os dois discos começam com vogais? Não, é por que se você ignorar a faixa "Happier filter" do "Ok computer" e colocar as músicas dos discos em sequência (por exemplo: "Airbag", "15 feets", "Paranoid android", "Bodysnatchers", etc...), você ouvirá, mais uma vez, o álbum que o Radiohead quis lançar, na verdade.

Ora, na verdade, o que você vai ouvir é uma sequência alternada de várias músicas boas, de dois álbuns bons de uma banda boa. Só. Não existe ligação entre as músicas e suas letras, nem nas referências a ficção cinetífica que o Radiohead costuma fazer. Sabe, às vezes acho incrível que ninguém ainda tenha dito nada sobre o fato de "Amnesiac", a sobre de estúdio do "Kid a", ter sido lançada três meses e três dias antes dos famosos ataques terroristas de 11 de setembro e trazer na primeira página do seu encarte, uma foto do World Trade Center e o título do filme "The decline and fall of roman empire".

18 janeiro 2009

Filus Aquarti, Bloop e R'lyeh


"Quando as estrelas se alinharem, os Grande Antigos despertaram de seu sono eterno e retornarão para tomar a Terra e os homens em horror, caos e loucura", ou alguma coisa deve dizer a profecia que permeeia qualquer conto de Lovecraft

sobre os, assim chamados, mitos de Cthulhu. Como se vê, cultistas de religiões antigas e hereges visam trazer essas poderosas criaturas ao mundo com rituais encontrados no Necronomicon (ainda não me esqueci que devo um post sobre o livro) ou portais dimensionais para a terra dos sonhos.


Mas, e se o nosso tempo for tempo certo? E se o retorno de Cthulhu, Hastur e todos os outros for agora? Lembrem-se que nos post "o chamado de Dagon", eu mostrava como Cthulhu, na verdade, fazia referência a uma série de deuses, entre eles o Filus Aquarti, que esqueci de mencionar, mas que, menciono agora, diz respeito a um personagem literário de Arthur Machen, famoso escritor galês de terror e uma das fontes de inspiração para Lovecraft. Seu Filus Aquarti veio de seu conhecimento sobre a Golden Dawn, uma ordeme sotérica e um caminho mágico muito popular do qual Sonia Green, ex-esposa de Lovecraft, também fazia parte (certo, a parte sobre Sonia Green é um boato, apenas).


Contudo, não podemos nos esquecer da universalidade do mito de homens-peixe, ou seres inteligentes e humanóides que habitam as águas do mundo todo, como as sereias, ondinas, yaras e o clero medieval (de acordo com algumas gravuras da época). Tais homens-peixes, assim como a serpetne Leviatã da "Biblia Sagrada", surgem nos mitos de Cthulhu e na obra de Lovecraft como os seres das profundezas (e seus híbridos com humanos) e o pai Dagon e mãe Hydra, respectivamente.


Teorias da conspiração apontam que Lovecraft sabia sobre algo (coisa que pretendo refutar no meu já prometido futuro post sobre Necronmicon). Mas, coincidência ou não, em 1997, no oceânico pacífico, razoavelmente próximo ao Chile, mais precisamente nas aproximadas coordenadas Latitude Sul 50' e Longitude Oeste 100', a N.O.A.A. (uma instituição internacional que monitora as águas desde os tempos da Guerra Fria, como forma de previsão de ataques russos ou estadosunidenses) captou um ruído que eles chamam de "bloop". Bloops são uma espécie de ronco ou rangido, sem identificação.


Acontece que esse bloop, o maior já registrado, durou mais de um minuto e parece ser de origem animal. Seu volume é elevado e não se assemelha a nenhum outro ruído pelos animais marinhos já encontrados. Há quem diga que se trate de uma baleia maior que a baleia azul, mas nenhum mamífero cetáceo viveria na profundidade dos 5000 metros de onde se originou o bloop. Outros apontam que se trate de um cefalópode pré-histórico ainda desconhecido.


O que há de curioso nisso? Procurem em um mapa para ver a distância entre coordenada que apresentei anteriormente e a coordenanda seguinte: Latitude Sul 47'9 e Longitude Oeste 123'43. Parece perto? Pois bem, essa é a localização de R'Lyeh no conto "O chamado de Cthulhu", de Lovecraft. Nesse conto de 1925, um dos primeiros e mais importantes sobre os mitos de Cthulhu e Necronomicon, Lovecraft revela quem é o deus antigo e alienígena Cthulhu, bem como sua morada em uma estranha cidade submersa chamada R'Lyeh. E quem sabe como é a aparência de Cthulhu, já deve ter imaginado sobre o que me referia quando citei a possibilidade de um cefalópode...


Estará Cthulhu despertando? Será ele um deus mesopotâmico? Ou um animal desconhecido e antigo? O fato é que, em 2003, esse bloop foi novamente ouvido pelos sensores, mas desta vez, próximo ao Japão. Algo grande está se movendo no fundo do oceano pacífico, vamos torcer que nossos amigos em Tokyo não precisem enfrentar mais esse monstro gigante.

16 janeiro 2009

Lovecraft e mitos em seis palavras


Como podem notar pelo título deste post em seis palavras pretendo resumir muitas das obras de Lovecraft, seguindo o próprio exemplo do título do post que o resume nas seis palavras determinadas. A idéia surgiu de um jornal inglês de uns dois anos atrás que desafiou autores e leitores a escreverem microcontos em apenas seis palavras. Além desse concurso, importantes e famosos escritores contribuíram apra a brincadeira, incluindo Alan Moore, que além dos maravilhosos quadrinhos que escreve, produziu preciosíssimos contos com seis palavras. Aliás, dentre as inúmeras referências a obra de Lovecraft que encontramos na cultura popular, muitas delas estão em Alan Moore.

De qualquer forma, segue abaixo microcontos inspirados nos contos e noveletas de Lovecraft. A idéia é simples e idêntica a outra, usando apenas seis palavras, o que inclui artigos, preposições e conjunções, contar uma história, de preferência boa. Um divertido desafio para qualquer escritor, talentoso ou não. No meu caso, me propus a recontar toda a complexidade dos mitos de Cthulhu nas variadas formas que Lovecraft usou-o. Tentem aproveitar, minha esposa é muito melhor nisso do que eu:

"Descobrira o segredo da família: monstros".

"Inominável e indizível, fora do tempo".

"Descobrira o segredo da família: bruxaria".

"Invocou. Não viu. Veio a loucura".

"Descobrira o segredo da família: Necronomicon!".

"Invocaram. Não viu. Veio a loucura".

"Descobrira o segredo da família: incesto".

"Um caótico assombro rastejante: sua esposa".

"Descobrira o segredo da família: canibalismo".

"O reanimador abriu a porta. Zumbis!".

"Descobriu um segredo de família: peixes".

"Alguém levantou da tumba. Fugiu. Enlouqueceu".

"Imigrantes negros e asiáticos. Cultuavam Cthulhu".

"Em Arkhan. Necronomicon desaparecido. Yog-sothoth voltaria".

"Em Dunwich. Vacas mortas. Yog-sothoth voltou".

"Antártica: 'os antigos! Os antigos!'. Enlouqueceu".

"Amnésia? Não, foram alienígenas do passado".

"Fez o experimento. Outras dimensões. Enlouqueceu".

"Randolph Carter se foi. Voltou? Enlouqueceu".

"Investigou uma casa. Bruxaria. Segredo familiar".

"Investigou uma casa. Bruxaria. Ratos falantes".

"A casa ruiu. Ratos nas paredes".

"Descobrira o segredo da família: imortalidade".

"O alquimista morreu, voltou e enlouqueceu".

"A cor caiu. Cinzas. Inclusive eu".

"Randolph Carter se foi. Voltou alienígena".

"Sonhou. Teve medo. Tornou sonhar. Enlouqueceu".

"No fundo, ritos infernais. Estava sozinho".

"Nas profundezas, cidades esquecidas. Estava cercado".

"Uma torre ciclópica de ângulos impossíveis".

"Desenterrou cemitérios. O sabujo logo atrás".

"Necronomicon sobre a mesa. Leu. Enlouqueceu".
"Descobrira o segredo da família. Enlouqueceu".
Bem, por enquanto é só. Espero contribuir com mais algumas no futuro, mas acho que o que temos por aqui pode incentivá-los a produzir seus próprios contos, sobre Lovecraft ou não. Afinal,:
"Escreveu. Guardou até que morresesse, louco".

Viagem ao país da bandeira em branco

Este pretensioso ensaio que aqui posto hoje vem tratar, mais uma vez devo dizer, sobre algo que não está relacionado com as três principais referências na descrição deste blog, tolkien, lovecraft e sigur rós, mas obviamente vem tratar sobre a última referência encontrada que assume todas as outras coisas que o valham, e acredito que tratar sobre a obra de josé saramago é uma outra coisa que vale, pois o autor nascido em portugal em dezesseis de novembro de mil novecentos e vinte e dois, e por conseguinte o único escritor de língua portuguesa a receber o prêmio nobel da literatura em mil novecentos e noventa e oito, tem em sua extensa e excelente obra poesias, reportagens, contos reflexões, memórias e romances que cercam o fantástico, o realismo mágico, por assim dizer, fazendo-nos crer que ao longo de seus intermináveis parágrafos e frases, ao longo de seus intricados diálogos e pensamentos, a narrativa pode nos levar a uma viagem, afinal saramago parece adorar a idéia de viagens, até um país cuja bandeira deve ser branca, branca como a cegueira, branca como os votos de seus cidadãos, mas sempre ficará a dúvida sobre qual país é esse, um país fictício de certo, como ele e seus críticos afirmam, mas quem sabe um país próximo e conhecido, como ouso concluir ao final desse já anunciado pretensioso ensaio, e antes que eu me refira aos dois ensaios de saramago que me levaram a deduzir sobre esse país de bandeira branca, devo dizer antes de mais nada o ensaio sobre a cegueira e o ensaio sobre a lucidez que não se tratam especificamente de ensaios e sim de romances, continuo dizendo da onde parei que antes que eu me refira aos dois ensaios de saramago que me levaram a deduzir sobre esse país da bandeira em branco acho importante fazer um pequeno retrospecto de sua obra que inclui tantos livros bons, famosos e importantes que fica difícil listá-los e comentá-los a todos, restando-me apenas seguir uma linha mais frágil e ao mesmo tempo mais consistente, que começa não com o seu primeiro romance, que deveria se chamar a viúva mas acabou sendo chamado de terra do pecado e foi descriminado pelo próprio autor, mas começa com o memorial do convento escrito em mil novecentos e oitenta e dois e já lá se apresentava o inconfundível estilo de saramgo sem letra maiúsculas, sem travessões, sem aspas e sem parênteses, apenas uma mistura de palavras bem arranjadas e com muita sorte de produzir um momento histórico e fictício importante em portugal, o mesmo que ocorre em dois outros livros de saramago, o ano da morte de ricardo reis e a história do cerco de lisboa, sendo que o primeiro, escrito em mil novecentos e oitenta e quatro, trata sobre a morte do famoso pseudônimo do famoso poeta poeta português fernando pessoa, tão adorado por saramgo e outros autores e leitores em todo o mundo, mas como eu ia dizendo, uma outra produção que aborda portugal é a jangada de pedra, na qual a península ibérica se destaca do continente europeu e passa a vagar pelo oceâno como uma ilha, uma jangada de pedra a qual o título do livro se refere e onde saramgo pôde expressar artísticamente sua controversa opinião de que a espanha e portugal deveriam integrar um único e mutuamente benéfico país ibérico, o que incluiria o país basco mas excluiria a frança, uma questão importante a ser discutida aqui lgo adiante, antes devo dizer também que outra polêmica que saramago causou e viveu envolve a humanização do messias das religiões cristãs em seu popular livro o evangelho segundo jesus cristo, não bastasse isso, seus parececres a cerca da atual situação das explosões na faixa de gaza causaram furor entre os judeus, que não compreenderam suas insinuações e o processam sob a acusação de antisemitismo, bem como a sociedade norte americana de apoio aos deficientes visuais foi boicotar o lançamento do filme ensaio sobre a cegueira, dirigido pelo brasileiro fernando meirelles inspirado no livro de homônimo de saramgo, lançado em mil novecentos e noventa e cinco e que é o ponto de partida para esse meu ensaio sobre uma viagem ao país da bandeira em branco, pois nesse livro conta-se a história de um país fictício onde as pessoas são acometidas por uma cegueira branca que os pega de súbito e os põe a enxergar uma imaculada brancura que nunca os cega em completa escuridão e tão pouco permite que enxerguem qualquer outra coisa, com a exceção de uma personagem mulher de um médico oftalmologista que se recusa a ficar cega e por conta disso, sofre por ver como os valores da sociedade são subvertidos quando ninguém mais se importa de defecar diante de outro, estuprar por comida ou qualquer outra agressividade imposta que pode acontecer quando se isola todos esses cegos em um manicômio abandonado,s em estrutura e sem recursos, obviamente, quando a água parece ser mal usada e quando também as autoridades se encontram cegas, sabe-se que toda a cidade encontra-se em uma guerra de esbofeteamentos de cegos por comida, mesmo que seja a carne de um cachorro vira lata, até que tão subitamente como começou a cegueira termina, depois disso ficamos sabendo que quatro anos se passaram e ninguém nunca mais ousou falar nos abusos e horros que sofreram ou inflingiram uns nos outros durantes aquelas semanas, ficamos sabendo sobre isso no livro ensaios sobre a lucidez, escrito em dois mil e quatro, quando saramgo retoma alguns dos personagens do livro que lhe rendeu o prêmio nobel, muito embora o nobel não seja dado a uma obra e sim a um autor que o mereça, de qualquer forma volto a onde estava para contar que naquele mesmo país onde as pessoas não tem nomes e os livros tem nomes como livro das crueldades ou livro das previsões, uma nova brancura se instala no país quando oitenta e três porcento da população de um país vota em branco em um determinada eleição, sendo que a maioria daqueles que não elegeram o partido de direita ou o partido do meio ou o partido da esquerda, que para desgosto de saramgo nunca é eleito mesmo, se encontram na capital desse país e como resolução para esse conflito cerca a cidade sob vigilância militar e muros, em uma manobra semelhante a que foi tomada nos tempos da cegueira mas com medo de que mais uma vez aquelas situações ocorram o governo ousa falar sobre os incidentes da cegueira e sugera que os habitantes pacíficos da capital façam o mesmo, acontece que os habitantes da capital estão vivendo bem sem seus governos e milícias, trabalhando, estudando e levando suas vidas para frente, mesmo economicamente, sem rancores ou qualquer outra coisa que o valha para trazer o caos novamente para suas ruas, com a exceção de um cidadão aquele primeiro que cegou nos tempos da cegueira branca e que, depois de se divorciar da mulher que ofereceu o corpo em troca de comida no manicômio, manda uma carta até as autoridades de fora do cerco para contar que houve uma mulher que não cegou quatro anos atrás e que acreditava-se que podia ser a causadora dos votos em brancos, um comissário chefe de investigação vai se informar e se simpatiza com a mulher do médico e seu cão de nome Constante que outrora lhe enxugara as lágrimas, entretanto, determinados a acabar com a vergonha que a população causou ao governo ela e o cão são executados como era de se esperar e como era de se esperar também a população tornou ficar cega, não que já estivesse antes, mas agora a cegueira era física e não mental como antes, pouco se sabe como essa situação foi resolvida mas em dois mil e cinco saramago publicou as intermitências da morte, um livro onde a partir da meia noite que inciaria um ano ninguém mais morreu em um país fictício, não indicações de que seja o mesmo país mas sabe-se que também um país onde as autoridades são burras e radicais, temerosas e prolixas, um país onde bandeiras brancas são estiradas para comemorar a ausência do luto até que a morte resolva tornar a matar, o que gerou inconformismo da população e da milícia, agora é interessante notar como esse país se assemelh a portugal em muitos aspectos muito embora seja dito que o país não sofra de terremotos e sabe-se que lisboa já foi vítima de um poderoso tremor de terra no final do século dezenove o que me leva a pensar que talvez saramago se refira a um país ibérico, ou seja o portugal que nasceu com a espanha em que vive, onde aliás se desenvolve seus romances cadernos de lazarote um e cadernos de lanzarote dois, publicados antes de todos os nomes e a caverna, sendo que o primeiro, de mil novecentos e noventa e sete lhe causou uma certa insegurança por ser o primeiro a publicar depois da nomeação ao nobel o que significaria que ele seria aguardado com grandes expectativas, que foram cumpridas diga-se de passagem, mas isso não importa agora o que importa é saber que quando viajamos até um país de bandeiras em branco, como o fizemos nesse ensaios, na verdade estamos viajando até os nossos próprios países cujas bandeiras brancas foram pintadas e viajamos até nós mesmos, como sugere o conto infantil de saramago chamado o conto da ilha desconhecida, também de mil novecentos e noventa e sete e também em um país onde não se há nome apenas burocracias e o sonho de um homem que antes de se aventurar em seus sonhos e seus amores quer descobrir uma ilha desconhecida e vai pedir um barco para seu governante, mas esse é um país monárquico diferentemente do parlamentarismo do país das outras obras de saramago o que sugeriria um passado para o país de bandeira em branco, embora em intermitências da morte saiba-se que há uma rainha no país de pouca efetividade como na inglaterra, e uma solução para nosso problema, ou melhor dizendo, ensaio sobre um país onde as bandeiras só poderiam estar branco.

10 janeiro 2009

O fim de um trilogia


Em seu álbum de 2004, "Hail to the thief", o Radiohead iniciava com uma música chamada "2+2=5". Uma expressão um tanto quanto comum e que, alunos de um certo curso de matemática, tentaram comprovar aplicando uma função binomial em um trinômio quadrado perfeito. Falharam por causa de um detalhe ignorado, o que não vem ao caso aqui. Mas, o que talvez possa nos interessar é que Christopher Paolini, nascido em 1983 na Califórnia (que junto com outros 49 estados, incluindo o Alasca e o Havaii, formam os Estados Unidos da América), conseguiu a seguinte fórmula: 1+1+1=4.

O que surgiu em 2002 como a "Trilogia da Herança", passou a ser chamado de "Ciclo da Herança" a partir de 29 de agosto de 2007, depois um pronunciamento do próprio escritor. Tudo isso aconteceu por causa de seu primeiro livro, "Eragon" que começou a escrever quando tinha 15 anos e terminou quando tinha 19 (publicando-o para o mundo todo no ano seguinte). "Eragon" trata da história de "Star Wars" na Terra-média. Sim, é verdade. A história de fantasia com cavaleiros, dragões e magia é exatamente a mesma: jovem fazendeiro vive com tio por não saber quem é seu pai, mas, mal sabe ele, que está destinado a pertencer a uma extinta ordem de cavaleiros que foi traída pelo Imperador, que fora treinado pelo mestre que Eragon. Não é a mesma história? Se trocarmos Eragon por Luke, Brom por Ben e Galbatorix por Vader, teremos tudo pronto.

Mesmo assim, devemos dar o seguinte crédito a Paolini: sua saga é boa. Embora se pareça com uma aventura de RPG com um sistema de magia complicado e contraditório (um mago pode tudo e ainda assim não ousa nada?), ele trabalha com clichês e arquétipos. Ora, clichês só se tornam clichês por dar certo, não é? Por essa razão, o autor que estudou sob a tutel dos pais em casa e que teve total apoio e editores e amigos, se tornou um sucesso comercial e de apelo popular equivalentes ao de Harry Potter ou o recente "Crepúsculo". Entretanto, o filme de 2005 foi um fracasso (de publico, crítica e qualidade, apesar da produção esmerada), o que declinou o foco sobre a, então, "Trilogia da Herança" (como Paolini batizou sua saga).

E se "Eragon" começou como uma divertida aventura de viagens, batalhas, paisagens, amigos e histórias, o segundo volume foi além e tentou mostrar a seriedade dos eventos que circundavam a vida daquele jovem abandonado. Envolto em guerras políticas e poderes antigos, "Eldest" (mantendo o mesmo nome no Brasil, que poderia ser "o mais velho"), revelava a verdade sobre a ordem dos cavaleiros de dragões, sobre a magia, sobre os elfos e sobre a identidade do pai de Eragon.

E o segundo livro começa muito bem. A escrita mostra uma evolução em relação ao volume anterior, assim como a personalidade dos personagens. Eragon abandona a rebelião contra o Império e parte em busca de aprimorar o seu apredizado e o de sua dragoa Saphira. Em sua viagem, trava contato íntimo com a cultura dos anões, o que deve ser o ponto do livro. Um cultura subterrânea (como a de qualquer anão de literatura de fantasia medieval que se preze), mas voltada para antigas tradições e envolvimento com religião. Seus guerreiros sãos eres únicos, bem como seus costumes.

Entretanto, quando conhecemos mais a fundo a sociedade e o país dos elfos do continente Alagäesia, travamos contatos com uma insossa cultura de elfos da Terra-média com metafísica e zen-budismo. Sim, os elfos devem ser japoneses (até na aparência, diga-se de passagem). Eu nada tenho contra os japoneses, pelo contrário, os mais atentos podem reparar nesse blog o quanto eu devo para o Japão e seus habitantes. Mas, a filosofia zen e os princípios de criatividade e destrutividade do hinduísmo, parecem muito fora da realidade de um mundo como o de Eragon. penso que esses conceitos ficariam melhor em outros universos e histórias, sei lá.

Creio que a pior parte é tentar transformar Eragon em um elfo e curar sua ferida nas costas. O argumento é que com aquela cicatriz, ele jamais conseguiria enfrentar Galbatorix. Mas, ora, aí está a graça! Por que não tentar derrotar oa dversário de forma inovadora, apesar dos sofrimentos? Não, Paolini optou por ter como centro de sua história um personagem humano/elfo/anão, telepata, cavaleiro de dragão e mago/feiticeiro. Indestrutível, de certo. Perfeito e ainda assim completamente inútil contra o intocável vilão da série.

Obviamente, o livro termina com uma batalha entre Eragon e Murtagh (seu amigo desaparecido), onde ele descobre que são irmãos e filho do maior vilão de Alagäesia, depois de Galbatorix. Lembro da minha mulher acabar de ler o livro e gritar: 'por que o Murtagh não cortou a mão de eragon e o convidou a governar a galáxia como irmãos?'. Eu ri. Mas, também me lembrei que "Eldest" tinha um ponto alto: Roran, o primo de Eragon, uma pessoa normal, apaixonada, que se refugiou com seu povo e se mostrou alguém cheio de sofrimentos por entrar lutas de vida e morte. Uma história que foi anrrada ao longo de todo o segundo volume, paralela e independente da saga de Eragon e Saphira.

Assim, em 2007, quando muitos esperavam um livro de capa verde, com um dragão verde na capa e o título de "Empire" (por conter seis letras e começar com "e"), Paolini anunciou que não mais escreveria uma trilogia. O último volume da série estava ficando muito grande e decidiu dividí-lo em dois, fazendo assim de sua saga um ciclo. O "ciclo da herança" (herança, aliás, é o nome de um capítulo tanto em "Eldest" quanto em "Brisingr"). Muitos torceram o nariz por Paolini parecer estar buscando vender mais livros, outros gostaram da idéia de adiar o fim da saga para poder ler mais eventos dentro da história. O fato é que Paolini seguiu os caminhos de Hollywood, nos últimos anos: divir "O hobbit" em dois filmes ou "Harry Potter e as relíguias da morte" em dois filmes, também.

Assim sendo, no final de 2008, dois anos depois do segundo volume do agora "Ciclo da herança", chegava "Brisingr", com a capa preta e o dragão dourado Glaedr desenhado, oito letras no título mas começando com "b" e, até mesmo, um subtítulo: "ou as sete promessas de Eragon Matador de Espectros e Saphira Bjärtuskullar". "Brisingr" também não teve seu título traduzido para o português, mas significa "fogo" na língua inventada por Paolini para que seus elfos falassem (e a língua se parece, mas não é quênya ou sindarim).

Para quem pretende ler e ainda não leu, devido ao recente lançamento, eu resumo os próximos parágrafos da seguinte forma: mais uma vez, Eragon Skywalker enfrenta o Imperador Darth Galbatorix, depois de resgatar a amiga Katrina Solo das garras de Jabba Razac, depois do que parte para terminar seu trinamento com o Mestre Yodoromis em Du Dagoba, enquanto seus amigos da Rebelião continuam tentando destruir a fortaleza impenetrável de seu adversário e colocar Jedi do Dragão contra Jedi do Dragão em uma batalha final.

Para quem ficou interessado nas referências ao universo "Star Wars" e não se importa em saber um pouco mais, devo dizer que a escrita de Paolini nesse terceiro (e quem sabe penúltimo volume) se mostra ainda mais competente, de forma que seus personagens se parecem mais profundos do que de fato são ou que a situação do mundo é mais complexa do que fato é. Com base nisso, o livro começa com um excelente primeiro capítulo de busca. Porém, logo o livro embarca em tediosas centenas de páginas onde a falta de acontecimentos só é quebrada por insistentes conflitos físicos que só resolvem com espadas.

E apesar da presença marcante de Roran (que depois da metade do livro fica quase completamente apagada) só por volta da página 400 é que temos eventos dignos de nota. Eragon, mais uma vez, se aproxima do interessante reino dos anões e presencia mais coisas de sua cultura, de seus atentados, de suas coroações e de sua religião (incluindo a supreendente aparição de um deus, Gûntera). Apesar disso, a partir da página 500, com a desculpa de uma iminente e importante batalha, tudo se torna muito rápido: o fim do treinamento de Eragon junto aos elfos e a própria batalha final do livro (e não de Eragone Galbatorix). A batalha tem seu charme, devido a ser bem diferente das batalhas anteriores. Eragon atua de forma a permitir que o exército varden ganhe sobre Feisten, mas não luta contra nenhum grande vilão (só um Espectro, como Durza, mas isso logo é resolvido). Outro momento curioso nessa batalha, é o lampejo do que Oromis e Glaedr passam quando enfrentam o próprio Galbatorix (na, quase, primeira aparição do vilão, bem diferente do que acontece com Sauron, em "Senhor dos anéis").

Portanto, tanto o livro, quanto meu post de hoje, chega a um fim com a perspectiva de mais um volume pretensioso em seriedade e recheado de nomes (tanto quanto ou mais que o "Silmarillion"), enigmas e relações entre personagens. Penso que a destruição do Anel e consequentemente da Estrela da morte, se dará no conflito final com sabres de luz entre Ergon e Galbatorix.... Até lá, sugiro que tanto o leitor quanto o escritor diminuam suas expectativas para que o livro corresponda, apenas, ao que de fato representa: mais uma obra literária de fantasia, bem escrita e divertida. Não mais do que isso. Nada de revolução do gênero, sabedoria infinita ou coisa que o valha. "Eragon" fez sucesso por sua simplicidade, por que a trilogia não pode ter um epílogo tal qual?
"Brisingr" não muda tanta coisa na saga de Eragon quanto se espera, ele acaba quase como "Eldest", certa forma. Então, já que o autor resolveu alongar essa boa série de livros, ele poderia aproveitar e fazer um livro que seguisse a tradição dos dois primeiros (capa da cor do dragão, seis letras sendo a primeira "e"), de forma que "Brisingr" seja apenas um interlúdio entre "Eldest" e o suposto "Empire". Que a "Herança" volte a ser uma trilogia, pois se ainda fosse, "Brisingr" seria um 'final' frustrante para Eragon. Não só pelo que ainda falta ser feito pelo herói, mas pelo que a série poderia proporcionar.
Terminada minha inveja de um bom autor de sucesso com a mesma idade que a minha, retomo agora as outras leituras que estão na lista para esse ano.

06 janeiro 2009

Expectativa



O ano acabou e começou. Fiquei quase um mês sem nada publicar, pelas mais diversas razões, mas agora estou de volta e com muito material. Então, dentre o que andei planejando (mais expectativas e visões de futuros), decidi começar pelas expectativas a respeito do Sigur Rós para 2009. Por enquanto, a única coisa que se tem de concreto sobre a banda é que os integrantes estão na Islândia, de férias, desde 25 de novembro do ano que acabou. Eles deram dois shows em Londres (no dia 21 e 22 do mesmo mês) e depois deram um show gratuito na capital islandesa no dia 24. Desde então, descansam com suas famílias e em suas propriedades. Devem estar curtindo o natal islandês (que dura treze dias!) e os ritos invernais.


Então, quais são as expectativas? A primeira delas é que, depois de usar imagens de seus shows nos clipes de "Inní mér syngur vitleysingur" e "Við spilum endalaust", eles retomem os clipes em câmera lenta com historinhas. Para isso, os boatos afirmam que além de capturar imagens, desenhar storyboards e escrever roteiros junto com algum diretor, os caras estão em estúdio compondo e recuperando material de sobre de estúdio para usar em algum novo single para o álbum "Með suð í eyrum við spilum endalaust". E as possíveis faixas candidatas para um single circulam entre calma acústica de "Góðan daginn", a famosa "Festival", a pouco épica pouco provável de aparecer em shows "Ára bátur" e triste "Illgresi". Vamos aguardar. Sobre quais músicas estariam no lado b do single, ninguém tem conhecimento. Talvez sejam algumas músicas que surgiram na época do "Takk..." ou "Hvarf-heim".


Claro, nada disso é confirmado, ainda. Talvez, ainda coisa que está próxima de sair é um DVD contendo imagens dos dois shows em Londres realizados ao final de novembro e devidamente citados no início desse tópico. O diretor desse DVD será Vicent Morisset, que já trabalho com vídeos interativos para o Arcade Fire (outra banda que se você não conhece, deveria). E ele prometeu um trabalho bem diferente daquele visto no documentário "Heima", que acompanhava uma turnê do Sigur Rós pela Islândia, dirigido pelo veterano Dean Deblois, e premiado e cultuado em todos os países que puderam assistir alguma exibição. Por aqui, só em cópias importadas (isso é, se o seu aparelho de DVD rodar discos importados).


Sobre o "Hvarf-Heim" e o "Heima", acima citados, volto em um instante, enquanto falo sobre expectativas... O Sigur Rós parece ter uma habilidade fora do comum em criar expectativas e cumprí-las de de uma forma não correspondente às expectativas. Tudo começou com os atrasos na produção "Ágætis byrjun" ou com os anunciados atrasos para a data de lançamento de seu posterior "( )". Pelo menos, eram atrasos avisados com um bom tempo de antecedência e em tempos onde a expectativa sobre a banda era um pouco menor (está certo, "( )" foi muito aguardo na época, a ansiedade pelo novo trabalho da banda só crescia). Mas, depois de ver "Takk..." ter seu lançamente misteriosamente adiado por meses, percebi que havia ali um padrão na banda. Talvez pelo perfeccionismo do pianista Kjarri, talvez pelo perfeccionismo do produtor Ken Thomas, talvez pelo perfeccionista do vocalista Jónsi, talvez pela complexidade dos arranjos do quarteto Amiina, talvez por preguiça, talvez por descaso, talvez por costume islandês, talvez por insatisfação com a qualidade de alguns materiais de trabalho, o fato é que o Sigur Rós sempre atrasa o lançamento de seus trabalhos!


Quando eles anunciam uma data, essa data dificilmente será cumprida. Sequer o atraso será para uma data próxima. Lembram-se do lançamento do single de "Hoppíppolla"? Atrasou. E o single de "Sæglópur", então? Quase um ano, talvez, de atraso. Mas, as coisas começaram a ficar curiosas na primeira metade do ano de 2007, quando um anúncio no site oficial da banda dizia que a banda iria relançar a trilha sonora de "Hlemmur" junto com o DVD do filme e um livro de imagens e informações, iria lançar um single para a novíssima versão para ancestral música "Von" (de seu primeiro álbum, também chamao de "Von"), iria lançar um ep com versões ao vivo e acústicas de alguns sucessos seus acompanhada de um DVD e ainda iria lançar, finalmente, um CD e um DVD com o aguardadíssimo "Odin's raven magic". E como foi que tudo ocorreu?


"Hlemmur" saiu do jeito que eles falaram, só com algumas semanas de atrasos. O single de "Von" virou um EP chamado "Hvarf" que saiu junto com o EP "Heim" com músicas acústicas e ao vivo, com meses de atraso, seguido pelo fantástico filme "Heima", que teve alguns dias de atraso. Além disso, a metade "Hvarf" continha a inesperada nova versão de "Hafsól" (que aparecia no primeiro álbum como "Hafssól"). Ótimo. Depois disso, cumpriram com os prasos e lançaram um novo e impronunciável álbum em meados de 2008 (muito embora a edição de luxo tenha sofrido um atraso de quase dois meses, e as músicas não soaram exatamente como eles anunciavam: um retorno aos primórdios da banda, mais sombrio, com ênfase na bateria e nas orquestrações, entretanto, de fato, mais acústico). E, do que estou reclamando? O que está faltando? "Odin's raven magic", provavelmente a melhor coisa que já ouvi na vida!


Essa obra foi composta em 2001 e foi apresentada em 2002 em Londres, Paris, Copenhagem e Reykjavík. A versão de Paris foi filmada e seu áudio pode ser encontrado na rede para download gratuito e ilegal (mas, por enquanto, é única forma de ouvir essa obra). Entre 2006 e 2007, a banda se reuniu com os outros integrantes do projeto (o quarteto Amiina, uma pequena orquestra, um coral, o autor da peça e o bardopescador Steindór Andersen, com quem haviam trabalhado em raro EP chamado "Rímur") em um estúdio para passar o som de novo e apresentar um álbum com qualidade perfeita, acompanhada de imagens de bastidores e apresentações. Até agora, depois de abandonar qualquer rumor, só se sabe que o álbum está em mixagem e pode ser lançado até dezembro de 2009, com a possibilidade de acompanhar algum DVD.


E do que se trata Ödin's raven magic"? Trata-se de uma opera clássica e erudita composta pelo alto sacerdote da antiga religião pagã dos povos nórdicos Hilmar Örn Hilmarsson, que também é poeta, historiador e tem experiência em bandas de heavy metal, punk, gótico, música eletrônica, techno, rock progressivo, pop e trilhas sonoras (para a "Lenda de Grendel", inclusive, onde foi consultor e atuou em umas cenas de funeral e batismo realizadas em seu país). Além da sonoridade rock do Sigur Rós e da presença de música acústica de câmara dos outros integrantes do projeto, "Odin's raven magic" conta com um xilofone gigante (tocado por três pessoas ao memso tempo) feito de pedras calcárias encontradas nas regiões vulcânicas. O fabricante e seu produto podem ser visto em uma curta cena do "heim", mostrando como aquele deve ser o instrumento de som mais bonito no planeta.


O texto que permeia os sete capítulos e 64 minutos da obra provém do poema "Hrafnagaldur Óðins", presente na coletânea de contos islandeses "Edda", de Snorri Sturlusson, escrita no século XIII depois da coleta da tradição oral junto aos camponeses. No século XIX a autenticidade desse poema em especial foi contestada com o argumento de que ele, na verdade, datava do século XV, um período fundamentalmente cristão e que abominava qualquer resquício de paganismo. Mas, na década de 60, um professor de literatura, historia e mitologia da Islândia (cujo nome eu não me recordo) conseguiu reinserir o poema nas novas edições do "Edda". E, afinal de contas, sobre o que se trata? Trata sobre um banquete organizado pelo deus asgardiano Odin para todos os outros deuses e guerreiros, mas o clima de festa acaba quando os dois corvos de Odin chegam: Hugim e Munim ("memória"e "pensamento", respectivamente). Eles chegam para anunciar que não motivo apra festejar, pois tudo o que se conhece está prestes a ser destruído. Agourentos, anunciam o famoso episódio do Ragnarök, o crepúsculo do deuses, quando Asgard, Odin e muitos outros cairão sob as mãos de gigantes de gelo e fogo, serpentes gigantes e traições do deus Loki.


Então, meus caros, finalizo anunciando que as expectativas são essas todas, por enquanto, e que pelo visto estamos perdendo muita coisa boa nos últimos tempos. E, se os corvos estiverem certos, não teremos muito tempo...