28 agosto 2010

Um novo livro velho


Nesta última sexta-feira 13 de agosto, na abertura da 21ª Bienal do Livro de São Paulo (onde entrei de graça por ser autor de alguns contos em antologias lá à venda), a conhecida editora Martins Fontes lançou a versão traduzida de “A lenda de Sigurd e Gudrún”, no nosso conhecido J. R. R. Tolkien. O volume possui 440 páginas de qualidade, uma capa com fotos de representações norueguesas em madeira, custo de R$44,00 e tradução por Ronald Kyrmse, que já traduziu outras obras do Professor e fez consultoria para os antigos tradutores, uma vez que é um dos fãs nacionais com maior conhecimento e engajamento.
Antes de entrarmos em maiores detalhes técnicos sobre o livro, é importante sabermos o que ele é. “A lenda de Sigurd e Gudrún” é um poema épico, em versos aliterativos, escrito na década de 1930 e que só viu a luz em 2008. Durante todos esses anos, apenas em uma leitura atenta de algumas cartas e notas biográficas saberíamos da existência de tal peça. Agora, mais uma vez, Christopher Tolkien compila, edita e lança uma obra póstuma de seu pai, provando que o Mestre escreveu mais obras enquanto morto do que vivo.
Dessa vez, contudo, uma parte consideravelmente grande do livro se deve ao próprio Christopher, conforme veremos a seguir. Antes disso, faz-se importante saber duas coisas: a primeira, é que “A lenda de Sigurd e Gudrún” trata de uma versão de Tolkien para a saga da maldição do anel dos Nibelungos. Baseando-se mais nas sagas islandesas e nos “Eddas” (tanto em prosa quanto em verso) do que na “Canção dos Nibelungos” alemã, o poema reconta toda a trajetória do ouro de Andvari, do herói matador de dragões Sigurd e de sua viúva Gudrún.
O outro ponto a se saber para melhor compreensão do livro é que Tolkien nunca escreveu um poema chamado “A lenda de Sigurd e Gusrún”. Ele escreveu, sim, dois poemas chamados “A mais longa balada de Sigurd” e “A nova balada de Gudrún”. O primeiro dividido em uma introdução e nove capítulos e o segundo composto de uma peça única.
Com exceção de uma breve nota do tradutor explicando algumas escolhas da tradução e algumas sugestões de pronúncia, o começo do livro é um prefácio de Christopher explicando a origem do texto em si e as idéias do pai sobre a saga dos Nibelungos. Essa discussão se mantém ainda pela introdução do livro, que contém um longo texto feito das palestras do próprio Tolkien sobre as e os “Eddas”. É aí que sabemos que o autor escolheu versão islandesa da lenda pela qualidade literária superior ao conteúdo histórico da versão alemã.
Também somos lembrados de que Tolkien era um profundo admirador de William Morris (de quem muito se fala em sua biografia e algumas de suas cartas, diga-se passagem). Fica claro, a partir daqui, que a obra de Morris não só influenciou “O Silmarillion” e “O senhor dos anéis”, mas também todo o imaginário folclórico e mitológico que foram responsáveis pela criação da “Lenda de Sigurd e Gudrún”. Inclusive, Tolkien fez uso de uma idéia do próprio Morris utilizada no poema “Sigurd, the volsung”, que trata o herói da narrativa como um escolhido do deus Odin para representá-lo enquanto vivo e para salvá-lo depois de morto.
Depois das longas e interessantes explicações, somos finalmente apresentados ao primeiro poema. Aqui se deve fazer uma nota a tradução: a editora manteve o texto original pareado com o texto traduzido. Isso permite que ao leitor fluente em inglês possa não só comparar as duas versões, como possa, mais ainda, desfrutar puramente das palavras de Tolkien. O curioso é notar que Tolkien, constantemente, fica próximo de versos originais islandeses, muitas vezes reescrevendo-os ou até mesmo repetindo-os.
Já o Kyrmse, supracitado tradutor, deixa bem claro qual foi sua escolha ao traduzir o texto. Sua interpretação do poema foi seguir o mais fielmente possível a métrica e a aliteração dos versos, o que é um tanto quanto incomum em nosso país, mas mostra um trabalho cauteloso e exaustivo. Dentro desse limite, vemos que o que foi perdido, mesmo que minimamente, é o conteúdo por trás da história. Isso compromete algo, no fim das contas? Um pouco, talvez, mas é inegável que o poder dramático de Tolkien se manteve intacto em português.
Para aqueles familiarizados com a saga de Sigurd e com poemas épicos, a compreensão do texto se dá sem dificuldade alguma. Tolkien nos conta a história dos Völsungs e de como o último descendente da família, Sigurd, foi eleito pelos deuses de Asgard. Também somos apresentados ao ouro dos Niflüngs e de como esse foi parar nas mãos do herói após o combate com o dragão Fáfnir. A partir daí, a história segue para o encontro com a Valquíria Brynhild (exaustivamente dissecada em obras mundo afora), para a união com Gudrún dos bolsüngs, até o trágico final.
Tolkien narra habilmente, sem acrescentar muito a lenda e ausentando muitas informações que se mostram irrelevantes, ao final. Mais ainda, o autor preenche de beleza e metáfora cada verso e cada estrofe, dando-nos um trabalho finamente lapidado. Contudo, a época da composição do poema, Tolkien sequer imaginava que se tornaria um ícone mundial. Portanto, “A lenda de Sigurd e Gudrún” não é uma peça feita para narrar uma história, ela é feita para expressar uma opinião e um entendimento sobre uma história previamente conhecida, para um público, preferencialmente acadêmico, já familiarizado com os termos e condições propostas pela saga.
Pensando nisso, Christopher faz uma pausa entre o primeiro e o segundo poema, para dar espaço a comentários que analisam algumas expressões utilizadas por seu pai. Explicando versos e estrofes, com base em anotações tardias de Tolkien, Christopher ajuda o leitor leigo a compreender o que, de fato, está acontecendo ao longo da saga. Mostra-se, nessa tarefa, um verdadeiro escritor e, mais ainda, tão versado em línguas e lendas antigas quanto o pai. Todavia, Christopher cai no erro de tratar a obra tal qual o Professor a tratou: ignora-se que nem todos os leitores têm um pleno entendimento do que seja Asgard ou Valhöll, ou de que saibam quem é Odin ou Loki.
Mais ainda, Christopher parte do pressuposto de que todos os consumidores da “Lenda de Sigurd e Gudrún” sejam fãs prévios da Terra-Média (o que, convenhamos, deve ser verdade). Com isso, ele acaba dedicando, sempre que possível alguma comparação entre o poema épico nórdico e a composição imaginária de Tolkien, o que dá um ar frívolo de caça-níquel e enchimento de lingüiça, falando um idioma bem claro.
O livro prossegue com “A nova balada de Gudrún”, com igual tratamento de tradução e de comentários para a história, menos impactante mais ainda assim forte, da grande heroína Gudrún e sua vingança contra todos aqueles que a fizeram sofrer, inclusive pessoas amadas, o que repercute na política e na história do mundo antigo. É interessante notar que, mesmo tratando-se de um poema diferente, ele mantém o mesmo ritmo e a mesma qualidade da primeira parte do livro, o que dá um sentido de sequência e coerência para a narrativa que não encontramos nas fontes originais, por exemplo.
Acabada “A lenda de Sigurd e Gudrun”, encontramos os Apêndices, tão caros a família Tolkien, aparentemente. O primeiro deles trata de uma explicação de Christopher, citando conferências do pai e outros estudos, sobre a origem de alguns elementos da lenda. Sabemos mais sobre o huno Átila (aqui chamado devidamente de Atli) e sobre quem seriam os Nibelungos.
Em seguida, temos um curto poema de Tolkien cuja métrica segue a rima convencional e trata da criação e destruição do mundo, do ponto de vista da mitologia nórdica. Intimamente ligado com “A lenda de Sigurd e Gudrún”, especialmente com o capítulo de introdução do primeiro poema, esse aqui segue a risca o que encontramos no popular poema eddaico chamado “Völuspá”, inclusive seu título parece derivar daí: “A profecia da sibila”. Aliás, uma nota curiosa é que Tolkien manteve todos os títulos em nórdico antigo, um prato cheio para os admiradores de línguas.
Porém, mais felizes ainda ficarão tais admiradores, ao chegar no terceiro e último apêndice para ler dois poemas de Tolkien sobre Atli escritos em inglês arcaico e gótico, respectivamente. Obviamente, Christopher nos dá a tradução dos mesmos, completando assim toda a produção do pai a cerca da mitologia escandinava e centro-européia.
Ao terminar de ler “A lenda de Sigurd e Gudrún”, ficamos com o saldo positivo de ainda sentir conexão com novos escritos de Tolkien. Mais ainda, podemos nos entreter com uma narrativa que diz muito sobre os outros livros dele que amamos. Contudo, mesmo que haja certo interesse na releitura de um autor sobre um tema conhecido, o livro não despertará interesse naqueles que não sejam fãs do autor, e menos ainda em entusiastas das sagas e dos Eddas que não gostem ou não tenham conhecimento do “Senhor dos anéis” e outras obras. Curiosos por poemas épicos ou poesia em geral, também não tirarão tanto proveito assim da obra, uma vez que não é os versos a composição máxima de Tolkien.
Agora, levando-se em conta que muitas fãs da Terra-Média também são fãs de mitologia nórdica e poemas épicos ingleses, fica aqui a dica de completar sua coleção de livros e aumentar seu conhecimento. O livro valerá cada centavo e cada minuto, inclusive para quem se dedicar a escrever uma resenha tão longa quanto o próprio poema, e profissional a ponto de escolher não ser polemicista para chegar a lugar algum.

07 maio 2010

Projeto de novo livro do Lovecraft


Como muitos aqui sabem, sou um fã inveterado do Lovecraft. A tal ponto que não só dedico parte do meu blog para falar de sua obra, como também fundei uma lista de discussão no Yahoo! Grupos sobre Lovecraft (Culto Lovecraftiano, para quem se interessar) que já cresceu muito e se relaciona com importantes sites e pessoas ligadas aos Cthulhu Mythos.
Dentre esses sites, podemos sitar o Site Lovecraft (www.sitelovecraft.com), obra de Denilson, que além de ter se tornado um amigo meu, também se tornou o outro moderador da tal lista de discussão.
Pois bem, o Denilson também é apaixonado pela obra do mestre do horror indizível e cósmico. E por conta dessa paixão, ele nunca esteve satisfeito com as traduções que o brasil propiciou para a obra de Lovecraft, taão pouco se satisfez com a limitada seleção de contos traduzidos. A partir disso, ele idealizou um projeto junto a algumas editoras e pretende publicar um volume contendo grande parte da obra de Lovecraft. Essa grande parte, necessário dizer, incluirá os contos mais improtantes na história do autor e na história de seus mitos inventados, bem como contos tidos como prediletos para muitos de seus leitores, contos inéditos em português, contos fora de catálogo há muito tempo, cartas e ensaios de não-ficção onde são expostos seu processo criativo e interpretação da obra e, por fim, uma biografia completa com várias fotos, tudo priorizando os (mas não limitado aos) Cthulhu Mythos.
Mesmo com a morte de Lovecraft ocorrida há mais de 70 anos, não é 100% de sua obra que tem os direitos em domínio público, então isso está sendo cuidadosamente pesquisado e resolvido (e essa é uma das minhas participações no projeto, além da ajuda na seleção de quais contos entrarão, através de muita pesquisa), bem como os direitos de alguns contos escritos em parceria. Ainda assim, o livro promete ser bastante abrangente e repleto de novidades.
O volume ainda não tetm nome, mas já tem algumas especificações: tetrá entre 450 e 500 páginas, com fonte de tamanho reduzido, papel branco de qualidade, capa com design moderno, medindo um tamanho semelhante aos volumes da série "Crepúsculo" ou da editora Sextante.
Porém, o livro está sendo negociado junto a três editoras (um bem conhecida e outras um pouco menores, por isso não posso dizer qual delas será a escolhida) e será publicado sobre demanda. Ou seja, a tiragem será exatamente aquela referente a seus compradores. Por essa razão, o Denilson procura interessados no projeto. O livro deve ficar pronto, provavelmente, no início de 2011 (pode ser antes, pode ser depois, isso depende de alguns detalhes) e irá custar em torno de R$59,00 (tá, é meio salgado, eu sei, mas a idéia dele é qualidade junto quantidade). Então peço que quem se interessar (e confiar, afinal, é difícil "compar" um livro antes de conhecê-lo) mande um e-mail apra ele mostrando seu interesse e, também, tirando dúvidas e dando sugestões de quais contos vocês acham que poderiam constar no livro. Ah, e quem se dispor a voluntariamente ajudar na tradução, na organização, na diagramação, etc..., creio que será bem vindo.
O e-mail dele é de3103@yahoo.com.br .
Quem mais quiser ajudar a divulgar creio que também será bem vindo pelo Denilson. Aliás, quem for escrever para ele, pode dizer que fui eu quem divulguei o livro nesse blog, acho que isso reduzirá o susto que ele pode ter com e-mails desconhecidos (sabem como é, esse pessoal que mexe com Cthulhu é meio paranóico).
Obrigado pela atenção, mas é que acho que esse projeto parece valer a pena e o Denilson é uma boa pessoa e muito apaixonado por Lovecraft, por essa razão resolvi ajudá-lo.

24 abril 2010

O tom de Ingi


Segunda - feira, véspera de carnaval. Você entra em um pub inglês na capital. Está anoitecendo (na verdade, o sol parece estar se pondo a tarde toda, soprando ventos gelados com grãos de neve que se depositam sobre os lagos congelados). Você está bebendo sua cerveja sozinho com sua esposa quando dois rapazes entram rindo e falando alto. Tudo está bem. Um deles arrisca uma roleta e ganha 8 cervejas, arrisca de novo e ganha mais 8. Obviamente, não iriam tomar 16 cervejas em dois, então oferecem 2 para vocês.
Nesse momento, o outro rapaz procura o isqueiro para acender o cigarro e você se oferece para emprestar seu isqueiro e fumar junto. Você descobre que o rapaz tem o apelido de Haddo (o nome é Haldór, o mesmo do escritor islandês premiado com o Nobel). Após apagar as bitucas, fica combinado que os dois rapazes se sentarão com vocês na mesa.
Depois de cervejas e risadas, depois de conversas sobre cultura, política, música (com direito a imitar e falar mal do Jónsi, do Sigur Rós) e sexo, o outro rapaz paga toda a conta sozinho e chama um táxi. Ele os leva até o estúdio dele para tocar violão, cantar mesmo estando rouco e lhe presentear com um CD autografado. Esse é o Ingi.
Ingi é o mais novo músico de sucesso da Islândia, mostrando que existe outras vidas além de Björk, Sigur Rós, Múm, Olaf Arnalds, Amiina, HÖH, Thor's Hammer e outros mais obscuros. Suas músicas tocam nas rádios e ele costuma fazer apresentações na rede nacional de televisão. É claro que no verão ele deve excursionar em festivais europeus e já planeja um retorno aos Estados Unidos (onde gravou e mixou o CD, em uma cela de Alcatraz) e ao Japão. Mas como seus CDs serão lançados na Oceania, é possível que ele vá até lá, embora o sonho atual seja de vender CDs no Brasil para um dia tocar aqui.
“Human oddities” é o nome do CD, título que vem dizer sobre as estranhezas de relacionamentos e comportamentos humanos. As músicas são crônicas indie e pop inspiradas no rock de Bob Dylan e David Bowie. O álbum foi produzido por Scott Mathews, que já trabalhou com George Harrisson, Ringo Starr, Keith Richards, Mick Jagger, Beach Boys, Johnny Cash e tantos outros.
A primeira que ouvimos ao colocar o CD no disc player é “Sylvia”, nome da namorada de Ingi, que é quem também assina a arte do encarte e os quadros que decoram o estúdio. A segunda música é “Power to the bastards”, que inclusive já virou um clipe curioso estrelado pelo premiado Olafur Darri Olafsson e dirigido por Markell. Logo em seguida, você ouve “You little fruitcake”, que deu origem ao primeiro clipe de Ingi, recheado de cenas famosas da Tv e com a presença do mesmo violão que ele usou para gravar o CD e para tocar no estúdio para você.
E assim o disco todo segue por 10 músicas com violão, guitarra, bateria e instrumentos de sopro (como ocasionais cordas, pianos, coros e efeitos), até chegar na última música, “She’s so silly” que fala sobre amizade com aquele Haddo que você conheceu, que lhe garantiu que te ajudaria em tudo o que você precisasse naquela semana e que ainda lhe deu o número de celular dele e do Ingi.
Um bom jeito de fechar um divertidíssimo CD e uma memorável noite. Agora, enquanto esse som não chega por aqui, o melhor jeito de começar a conhecer o trabalho de Ingi é procurar os clipes e apresentações no YouTube e no Facebook, seguí-lo no twitter e visitar sua página constantemente. Quem sabe não realizamos o sonho dele e o trazemos até o Brasil?

20 abril 2010

August Derleth e os mitos de Lovecraft




August William Derleth nasceu no estado de Wiscosin, em 24 de fevreiro de 1909. Apesar de muitos ainda o conectarem a seu personagem mais conhecido, Solar Pons uma sátira/homenagem à Sherlock Holmes, o que tornou Derleth famoso foi seu contato com Lovecraft e os mitos de Cthulhu. Aliás, contato esse crucial para os mitos, uma vez que foi ele quem nomeou o universo de criações de Lovecraft como Cthulhu Mythos.


Lógico que é bem possível que muitos fãs da obra de Lovecraft torçam o nariz ao ouvir o nome de Derleth, já que ele introduziu elementos até então ausentets na obra de Lovecraft. Por exemplo, Derleth foi o criador de uma guerra cósmica entre os Deuses Mais Antigos (entidades benevolentes, como Nodens do conto "A casa que pairava nas brumas") e os Grandes Antigos (entidades malévolas, como o próprio Cthulhu e muitos outros famosos, incluindo Shubb-Nigurath, Nyarlathotep, Azatoth e Yog-Sothoth). Nessa tal guerra cósmica, o Deuses Mais Antigos expulsaram o Grandes Antigos da constetlação de Betelgeuze (e da onde você acha que vinha o nome do meu blog?).


Pois bem, essa guerra trouxe elementos maniqueístas como o bem e o mal para o universo das criaturas, lugares e livros de Lovecraft. Qual o problema nisso? Simples, Lovecraft não queria instigar a crença de que Cthulhu e seus amigos eram maus, ele queria levantar a hipótese do Caos, da pequenez da humanidade diante essas criaturas, a falta de lógica e, consequentemente, falta de altetrnativas para lidar com a ameaça alienígena e colossal que dorme acidentalmente nas profundezas de nossos oceanos. mais ainda, Derleth trouxe uma esperança de combater esse mal invocando as forças do bem.


E houve outra forma de combater o mal. Lovecraft introduziu alguns gestos e símbolos mágicos para invocar os Grandes Antigos. O mais famoso desses símbolos era o Sinal Antigo, uma espécie de runa imitando uma folha de palmeira. Pois bem, Derleth transformou o Sinal Antigo em um pentagrama com um olho no meio e deu a ele o poder de afastar o mal. Drástico, não? Mas não acaba por aí.


Provavelmente, a maior polêmica que Derleth trouxe aos mitos de Cthulhu foi a questão elemental. E quando digo elemental me refiro aos elementos em si, aqueles quatro elementos da altat magia cerimonial: terra, ar, fogo e água. Pois bem, Derleth associou quatro Grandes Antigos aos elementos, como se eles regessem esses elementos e se manifestassem através deles. O fez da seguinte forma: Cthulhu para a água, Cthuga para o fogo, Nyarlathotep para o ar e Shubb-Nigurath para a terra. Uma interpretação no mínimo curiosa, especialmente para os fãs de ocultismo, mas não podemos ignorar o fato de que isso limita todo o poderio dos Grandes Antigos.


Então, você deve estar se perguntando como Derleth fez tudo isso? Ora, escrevendo, é claro. Derleth escreveu centenas de contos e dezenas de livros. Dentre as séries ligadas ao já citado Polar Sons, quanto em outras séries ligadas a unvierso algum, Derleth explorou os mitos de Cthulhu. Citou nomes e sobrenomes de personagens, lugares, tomos secretos e proibidos, divindades e criaturas. Mais ainda, foi o organizador de duas antologias sobre os mitos de Cthulhu com contos escritos por diversos autores, além de ter escrito sua própria antologia de contos sobre o universo de Lovecraft ("The mask of Cthulhu", onde encontramos um conto onde ele explora a divindade Hastur, que antes só havia sido obscuramente citada por Lovecraft, em referência a obra de Lord Dunsany) e uma novela com diversas histórias interligadas nesse mesmo unvierso (o famoso "The trail of Cthulhu", que deu origem até a um RPG que em breve será traduzido no Brasil).


Um dos trabalhos mais famosos de Derleth sobre os mitos de Cthulhu é o romance "The lurker at the threshold", que estampa na capa uma colaboração entre ele e Lovecraft. Na verdade, Derleth apanhou dois contos que Lovecraft deixou inacabados ao morrer (um total de 50.ooo caractéres) e escreveu o resto, unindo esses trechos e criando uma empolgante aventura de suspense e horror, dentro do renovado universo de elementos e maniqueísmo. Claro que muitos fãs rejeitaram a obra, mas eles rejeitariam ainda mais os outros 16 contos dessa 'parceria'. Contos onde Derleth apanhou rascunhos, protóptipos, idéias abandonadas e versões alternativas de contos de Lovecraft e os publicou ao longo de sua carreira sob o nome dos dois, mas sob as palavras do primeiro, que infelizmente não são tão boas quanto as do segundo. Ainda assim, alguns momentos são bons e você pode conferí-los no coletânea "Watchers out of time" (título que se refere a um conto que o próprio Derleth deixou incabado ao morrer).


Com base nisso tudo, você deve estar se perguntando porque afirmei logo no início dessa postagem que August Derleth teve a importância a crucial para os mitos de Cthulhu. Explico. Além de dar o nome de Cthulhu Mythos para abarcar toda a criação fatnástica das histórias de Lovecraft, foi o próprio Derleth quem permitiu que Lovecraft se tornasse conhecido e viesse até nós, nos dias atuais. Sim! Sem Derleth, jamais saberíamos quem foi Lovecraft e seuqer saberíamos que ele um dia existiu e inventou o Necronomicon (uma postagem que ainda estou devendo).


Acontece que Derleth sempre foi admirador de Lovecraft e amigo pessoal, corresponde-se com ele durante muitos anos e cartas. Inclusive, Derleth muitas interviu junto aos editores da revista "Weird Tales" para que publicassem os contos de Lovecraft. E Lovecraft, por sua vez, só viu um único livro seu ser publicado: "A sombre sobre Innsmouth". Fora isso, viu alguns contos serem publicados em revistas de ficção científica, aventuras pulp e horror, enquanto esperava que "Nas motanhas da loucura" (que já havia sido publicado em série) fosse publciado como uma novela.


Então, após a morte de Lovecraft, eis que Derleth funda a Arkham House em 1939 (uma referência a cidade mais famosa criada por Lovecraft, que mais tarde serviu de inspiração para os quadrinhos do Batman). O objetivo da Arkham House (que publicou as obras do próprio Derleth e de muitos outros autores famosos, como Ray Bradbury) era popularizar aquilo que outras editoras não se interessaram em tornar popular: Lovecraft e os mitos de Cthulhu. Não a ota, a primeira publciação da editora foi "The outsider and other stories" contendo alguns dos contos mais famosos de Lovecraft.


E foi a partir dessa iniciativa de Derleth, um editor e um fã, que Lovecraft alcançou o cinema, os quadrinhos, os RPGs, os brinquedos, as piadas e os livros na sua prateleira. Também foi a partir da paixão de Derleth que muitas divindades, tomos, cidades, personagens e criaturas, adcionaram uma sombra maior e uma riqueza mais profunda aos mitos de Lovecraft. Mitos esses que deixaram de ser de Lovecraft apenas, para se tornarem de Derleth e, a partir de então, de Howard, Smith, Bloch e muitos outros. Foi assim que um desconhecido autor que implorava por publicações baratas em pequenas revistas se tornou o autor dos mitos de Cthulhu: através de August Derleth.

19 abril 2010

Coleção de poemas/poesias


Saiu em fevereiro, em Portugal, pela editora WAF (world art friends, um segmento da Editora Corpus, da cidade do Porto) meu primeiro livro. Sim, é um livro só meu, contendo cerca de 40 poesias ou poemas.

O livro se chama "Trova e trovoada", título que tanto dá nome aos últimos versos (que falam sobre fazer amor quando há uma tempestatde do lado de fora) como também remete ao trovadorismo (que influenciou alguns versos) e ao meu fascínio pelo trovão. Fascínio esse que funciona quase como uma identificação pessoal.

Enfim, aproveitando a iniciativa da WAF de promover novos autores dentro de um contexto chamado Ministério da Poesia, fui um dos 50 selecionados entre os mais de 350 autores. Para tanto, contei com versos escritos em dois momentos da minha vida: um foi há 5 anos atrás quando vivenciava um momento de luto e reestruturação (no livro chamado de "Invasão") e outro há 2 anos atrás quando passava por um momento de adaptação à estrutura (no livro chamado de "Instalação)".

Assim, cada uma das poesias ou poemas circula por anotações de aulas de psicologia, recados que enviaria para alguém e entradas no meu diário, dando um caráter biográfico e íntimo para o livro, quase como se me despisse diante do leitor (na verdade, a intenção era justamente o contrário, a idéia era me vestir de símbolos diante de mim mesmo).

A edição do livro foi feita por mim mesmo, cabendo a diagramação do mesmo a própria editora. O livro pode ser encontrado em algumas livrarias de Portugal e pode ser encomendado pela Fnac. Também está disponível para download no site da editora que o publicou.

Um adendo importante é a arte da capa e da contra-capa, feita por Pedro Brondi, com quem trabalhei no gibi "Pork à procura de si mesmo", no site Pork Comics e, em breve, em muitos outros projetos lgiados a quadrinhos e livros ilsutrados.

05 abril 2010

Quem são os Nazgûl?







Escravos dos Nove Anéis que Sauron forjou para os Homens junto com os ferreiros de Eregion, durante o ano de 1500 Segunda Era do Sol em Arda, os nazgûl formam o máximo em poder e horror no exército de Sauron. Os Espectros do Anel, como também são chamados, correspondem a liderança das tropas de Mordor vestidos como Cavaleiros Negros. Cavaleiros estets que oram cavalgam cavalos negros e amaldiçoados, ora "cavalgam" uma criatura alada distorcida e deformada: o falcão do inferno.



Tudo isso é bem conhecido. A dúvida mesmo fica por conta de quem são os nazgûl e tudo o que o "Senhor dos anéis" nos informa é que são Homens corrompidos pelo poder dos Anéis de Poder. Homens gananciosos por riqueza, poder e longevidade, que se deixaram seduzir pelos tais "nove para Homens mortais, fadados ao eterno sono", dos quais falam os conhecidos versos. E esse nove, por sua vez, estavam subjugados pelo famoso "um anel para todos governar, um anel para encontrá-los, um anel para a todos trazer e na escuridão aprisioná-los".



Mais do que isso, ficamos sabendo que seus corpos definharam e suas almas se distorceram, aprisionados por Sauron e suas falsas promessas. E sabemos também, através dos "Contos inacabados de Númenor e da Terra Média" que o segundo nazgûl em comando se chama Khamûl, a "sombra do leste" (na língua negra dos orcs), que tem esse nome graças ao fato de ele provavelmente ter sido um membro do povo Balchoth que habitava a região outrora conhecida como Hithlum. É Khamûl quem assume o ataque dos outros nazgûl quando o Rei dos Bruxos cai na Batalha de Pelennor.



E quem é esse tal de Rei dos Bruxos? Ele é o Senhor dos Nazgûl, o Capitão Negro, A Sombra de Morgul. Seu título de Rei se deve primeiro ao reino de Angmar, nas Montanhas Cinzentas, onde trouxe caos e destruição para o Norte, até fugir para Mordor, ao Sul. Logo depois, seu reinado de horror retornou em Dol Guldur, trazendo maldições para a Floresta das Trevas. E seu título de bruxo se deve as artes de feitiçaria e bruxaria que praticava, que espalhava e que ensinava onde quer que estivesse para os homens de coração negro.



Mas nem só por isso o Rei dos Bruxos tinha esse título, afinal, ele, assim como os outros nazgûl, foram homens de poder enquanto vivos. Homens que ocupavam papéis importantes na sociedade em que viviam. E possivelmente, o Rei dos Bruxos teria sido um homem de Númenor. Talvez, até um rei. Mas então, que rei seria esse? Como ninguém soube? É aqui que começa minha investigação., meu ensaio. Penso que se eu consegui levantar uma teoria satisfatória sobre Tom Bombadil o resto é fácil. E atendendo ao pedido de um amigo, me proponho a destrinhcar um outra teoria incomum sobre a obra de Tolkien.



Pois bem, é sabido (conforme exposto acima) que os anéis de poder surgiram por volta do ano 1500 da Segunda Era. Porém, a sombra de Sauron só caiu sobre Númenor por volta de 1800. Como eram necessários dezenas de anos (ou até mesmo séculos, caso de anões, hobbits e tatlvez um númenoreano) para ser totalmente corrompido pelo poder de um anel mágico e se submeter a vontade Sauron, os nazgûl só foram surgir abertamente no ano de 2251. Com isso, o que temos até agora? Temos que Sauron necessitou pairar sua sombra sobre Númenor, antes de conquistar espaço e confiança o suficiente para encontrar um númenoreano que aceitasse um anel de poder. Mais ainda, foi necessário esperar um bom tempo até que o escolhido se definhasse ao ponto de se tornar um Espectro do Anel e se revelar para a Terra Média. A menos, é claro, que Sauron rapidamente encontrasse um númenoreano ambicioso e facilmente sucetível a corrupção (o que, convenhamos, não era algo difícil de se achar). E também temos a possibilidade de Sauron não ter esperado que o númenoreano se definhasse totalmente até revelá-los em todo o seu poder. Com isso, temos de fato um margem de cerca de 400 anos entre um homem ser escolhido e se tornar um Cavaleiro Negro.



Mas qual númenoreano poderia ser o Rei dos Bruxos? Se pensarmos que foi um rei de Númenor nossas opções de reis para aquela margem de tempo são Tar-Minastir, Tar-Ciryatan e Tar-Atanamir. Para facilitar um pouco as coisas para nós, podemos descartar Tar-Minastir sem problema algum por dois motivos: primeiro, a data em que entregou seu cetro e a data de sua morte são muito longe do surgimento dos nazgûl e muito próximas da chega da sombra de Sauron à Númenor; o segundo e mais consistente motivo é o fato de ter enviado uma esquadra para auxiliar Gil-Glad na primeira guerra contra Sauron.



Sobra nos agora apenas duas opções (a menos que consideremos que a inveja de Minastir pelos elfos e o fato de ter morrido ainda de posse do cetro como marcas de Sauron sobre si). A primeira delas é Tar-Ciryatan, que governou do ano 1869 até o ano 2029, um tempo bem propício para aprovar nossa teoria de que um rei númenoreano seria o Rei dos Bruxos. Outros pontos que corroboram os fatos é que Ciryatan tomou o cetro de seu pai a força e era tão sedento por riqueza e tão poderoso que oprimia os homens da Terra Média em troca de pedras e metais preciosos, de forma a construir uma gigantesca esquadra naval. Acredita-se que ele seja a primeira manifestação da sombra de Sauron contra a paz de Númenor.Então, eis que nos deparamos com Tar-Atanamir, o Grande.



Atanamir nasceu em 1800 e reinou de 2029 até 2221 (lembrando, sempre, que númenoreanos vivem muito mais que um homem comum, graças a linhagem élfica e a escolha de seu ancestral Elros, irmão de Elrond). Durante esse reinado de 192 anos, Atanamir cobrou uma elevada tributação dos homens das costas da Terra Média, mostrando-se ainda mais ganancioso que seu pai. E mostrou-se também mais orgulhoso, quando declarou abertamente seu ódio para com os elfos e seu desejo para que os Valar se afastassem da vida dos númenoreanos. Além de Grande, Atanamir ganhou a alcunha de Petinaz, uma vez que morreu antes de entregar o cetro, já que recusava-se a deixar de reinar ou mesmo a morrer, fazendo dele uma boa opção para o Rei dos Bruxos.



Uma terceira opção, não levantada anteriormente, seria Tar-Ancalimon, que governou até 2386. Claro que essa opção só será possível se acreditarmos que Ancalimon se tornou o Rei dos Bruxos ainda antes de definhar completamente. Ou se pensarmos que o Rei dos Bruxos não se manifestou junto com os outros nazgûl. De qualquer forma, Ancalimon se mostra uma boa opção quando pensamos na cisão que ele criou entre os homens que tinham amizade pelos elfos e homens que o seguiam na luta contra tudo o que fosse de origem élfica. Tal separação originaria, mais tarde, os portos de Umbar (para os númenoreanos) e de Pelargir (para os númenoreanos Fiéis aos Valar).



Como resolver essa dúvida? Bem, ao meu ver a resposta se encontra espalhada entre o "Silmarillion", "o Senhor dos anéis" e o décimo segundo (e último) volume da série "History of Middle Earth", o "The peoples of Middel Earth". Bem, a primeira coisa seria descartar todas as opções acima citadas. Porquê? ora, porque nenhum rei númenoriano forjou a própria morte ou teve seu corpo desaparecido. Logo, nenhum rei númenoriano foi o Rei dos Bruxos. E isso torna todo o texto escrito até agora inútil? De forma alguma, ele serve como suporte para apoiar um teoria.



A teoria de que o Rei dos Bruxos não era um propriamente um rei, mas um dos homens do rei. Ou seja, um homem influente, como Sauron desejava, mas que não chamasse a atenção. E quem poderia ter sido esse homem? A respostat virá com o entendimento dos elementos surgidos a partir da cisão entre Númenor e os Valar, e da criação do porto de Umbar.



Com o "Silmarillion" e o "Senhor dos anéis", ficamos sabendo que antes da queda de Númenor, alguns númenorianos, mas tarde conhecidos como númenorianos negros, migraram para Umbar e lá regeram os homens, migrando novamente depois para o Sul, para Harad. Entre os númenorianos negros mais famosos está o poderoso mensageiro Boca de Sauron, só para termos uma idéia do que estamos falando.



Pois bem, quando vasculhamos o "The peoples of Middle Earth", encontramos textos incabados por Tolkien ou textos rejeitados por Tolkein mas acolhidos por seu filho e editor Christopher. Entre esses textos, encontramos um chamado "The new shadow", que trata de eventos ocorridos 220 anos depois do "Senhor dos anéis". O breve conto seria uma novela de suspense que serviria como continuação apra a história da Terra Média, mas Tolkien acreditava que novas histórias de medo não poderiam mais ser contadas nos tempos de paz.



E o que isso tem a ver com nossa teoria? Tem a ver que nessa história descobrimos que uma espécie de seita "satânica" conhecida como Árvore Negra, cultuava as forças opostas aos Valar e aos ideais de Gondor (ou seja, aos ideais de Eldarion, filho de Aragorn, de linhagem de númenor e amigo dos elfos). Estamos chegando perto agora, não é? Creio que para concluir só falta uma referência: o nome mais invocado pela Árvore Negra, em segredo, é o nome de Herumor (o "Senhor escuro" em quenya, a língua mais nobre dos elfos e que continuou sendo usada em Númenor por medo, mesmo depois de declarado o ódio pelo povo élfico).



Para quem não sabe ou não ligou as pontas, Herumor é um númenoriano negro que aportou em Umbar e foi se unir aos haradrin, ainda durante o reinado de Tar-Ancalimon, embora seja bem provável que ele já vivesse desde o início do reinado de Tar-Atanamir. Por conta disso, não é à toa que os haradin apoiaram Sauron e o reino de Mordor, vizinho do reino de Harad.






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01 abril 2010

Islandia (ou: O país do Sigur Rós)


Quando se ouve Sigur Rós, é fácil pensar em como a paisagem solitária da Islândia influenciou as composições da banda. O inverno longo e rigoroso que torna tudo tão quieto dá o clima perfeito para as canções do álbum "( )". O desejo para que o sol nasça (mesmo que sua luz sempre esteja na vertical e dure tão pouco) motivam canções como as do disco "Von" (especialmente "Dögun", "Lei ad lífi", "Myrkur", "18 sekúndur fyrir sólarupprás" e "Hafsól") e a "Glósóli". As rajadas de vento e os vapores de tanta atividade vulcânica explicam perfeitamentet porque o disco "Ágaetis byrjun" foi considerado um disco sobre a própria Islândia.

Não à toa, encontramos um documentário do Sigur Rós chamado "Heima" ("em casa") onde eles tocam pelas pequenas e coloridas cidades do país. Também não é à toa que encontramos músicas da banda com o nome de "Fljótavík" ( o nome de um lugar da Islândia). Aliás, é a mesma explicação para músicas como "Starálfur"(sobre os elfos do país), "Flugufrelsarinn" (sobrer o mar, as baleias e os insetos do país), "Ára bátur" (sobre os barcos do país) e"Ilgressi" (sobre outra localidade do país).

Aliás, penso que músicas como "Hún Jörd" falem sobre essa conexão da banda com a o país (geológico e mitológico), bem como todo o disco "Med sud í eyrum vid spilum endalaust" trata sobre o verão do país. Talvez, aí esteja a razão para que a banda prefira cantatr em islandês (e fazer parcerias com islandeses): porque a Islândia permeia o Sigur Rós.

E qual a resposta disso? Bem, o Sigur Rós permeia a Islândia, também. Estando lá, você encontra CDs, cartões postais e camisetas do Sigur Rós em qualquer livraria, em lojas de souvenires e até em postos de gasolina de beira de estrada bem longe da capital (ônibus estes que estão tocando Sigur Rós no rádio). Você anda por Reykjavík e vê placas que levam até Álafóss (o estúdio da banda). Você vê as casas e lembra do video-clipe de "Hoppíppolla", você viaja e vê as paisagens dos video-clipe de "Svefn'g'englar", "Vidrar vel til loftárása" e "Glósóli". Mais ainda, você descobre histórias como as contadas em "Heysátan".

E se as a aurora boreau não convencer que o som etéreo, lendo e mágico do Sigur Rós só poderia vir de um país como a Islândia, que tal ver com os próprios olhos lugares como Gamla Börg, onde foi gravada a versão acústica de "Von" e que serve de capa para o EP "Heim"? Ou então, visitar a própria estação Hlemmur, que dá nome ao documentário cuja trilha sonora foi compsota pela banda?