27 dezembro 2009

Jonsi: o coração do Sigur Rós


Jón þór Birgisson (þór lê-se como "Thor", sim, é o nome do deus nórdico dos trovões) é o vocalista e guitarrista do Sigur Rós. Mais conhecido como Jonsi, não faz muito tempo que ele teve boas aulas para tocar guitarra, não à toa nos primeiros álbuns da banda (especialmente no primeiro, "Von") o que ouvimos de guitarra é apenas distorção e efeitos, deixando os acordes e arpejos para o baixo. E foi dessa forma que Jonsi desenvolveu sua técnica (nem tão original quanto se imagina) de tocar guitarra com um arco de cello e efeito de eco nos pedais. Não que ele saiba tocar cello, claro, mas foi um presente do colega de banda Kjartan (com quem formou sua primeira e premiada banda hyppie-punk: Beespiders) que ganhou um cello quando, na verdade, queria um violino.

Mas estamos indo depressa, antes de tocar no Beespider e usar cabelo comprido, roupas largas e óculos coloridos, Jonsi nasceu. E ele nasceu no dia 23 de abril de 1975, na capital da Islândia, Reykjavík. Nasceu, aliás, cegou de um olho, como o deus nórdico Oðinn (pai de Thor). Só depois de nascer é que foi descobrir seu gosto por David Bowie e Iron Maiden (e muito mais tarde, moderadamente pelo Smashing Pumpkins). Então, como se vê, se Kjartan trouxe a música erudita para o Sigur Rós, foi Jonsi quem antes definiu que esta seria uma banda de rock.

E também foi Jonsi quem levaria elementos eletrônicos para os álbuns do Sigur Rós, afinal, além de fazer participações especiais em músicas de bandas como Hafler Trio, Dip e Dirty-box sob o pseudônimo de Mono, Jonsi também teve um projeto solo que envolviam metais e instrumentos eletrônicos, sob o famoso pseudônimo de Frakkur. Chegou inclusive a fazer uma bela apresentação em 2004 e gravou três álbuns de música ambiente (intitulados "Pling-pong", "Songs for the little boy" e "Toyboy"), que nunca foram oficialmente lançados, apenas caíram na rede misteriosamente no ano passado.

Porém, mais ainda do que a instrumentação característica ou o falsete em uma língua inventada por ele (o "volenska", um série de vocábulos inspirados no islandês que Jonsi usa para cantar em muitas canções), o nome e a arte do Sigur Rós também devem a seu membro mais famoso e de cabelo mais arrepiado. Sim, pois Sigur Rós é o nome da irmã caçula de Jonsi que nasceu no mesmo dia em que a banda foi formada. E já que estamos falando de crianças, os temas infantis e a presença de imagens infantis são por conta do apreço de Jonsi a essa fase inocente, alegre e desprotegida da vida. Inlusive, embora muitas das imagens dos álbuns do Sigur Rós sejam obra de Alex Sommers (guitarrista da banda Parachutes, namorado e colaborador de Jonsi no projeto musical e artístico intitulado "Riceboy sleeps"), algumas outras imagens são de obra do próprio de Jonsi.

Agora, dia 22 de março desse próximo ano, veremos surgir o primeiro álbum solo de Jonsi (usando esse nome mesmo, e não Frakkur, como se esperava): "Go". O álbum é mais acústico e repleto de arranjos de cordas e tem a maioria das músicas cantadas em inglês (uma língua que durante muito tempo foi difícil para Jonsi, mas que depois do último disco do Sigur Rós ele começou a dominar bem mais). A primeira faixa dessa obra (que interromperá por uns meses a produção do próximo álbum da banda) já pode ser ouvida com seus ruídos e uma voz mais grave. Chama-se "Lilikoi boy" e mostra porque Jonsi é o coração (e não a voz) de qualquer projeto em que tocar seu dedo de Midas.

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