16 janeiro 2009

Viagem ao país da bandeira em branco

Este pretensioso ensaio que aqui posto hoje vem tratar, mais uma vez devo dizer, sobre algo que não está relacionado com as três principais referências na descrição deste blog, tolkien, lovecraft e sigur rós, mas obviamente vem tratar sobre a última referência encontrada que assume todas as outras coisas que o valham, e acredito que tratar sobre a obra de josé saramago é uma outra coisa que vale, pois o autor nascido em portugal em dezesseis de novembro de mil novecentos e vinte e dois, e por conseguinte o único escritor de língua portuguesa a receber o prêmio nobel da literatura em mil novecentos e noventa e oito, tem em sua extensa e excelente obra poesias, reportagens, contos reflexões, memórias e romances que cercam o fantástico, o realismo mágico, por assim dizer, fazendo-nos crer que ao longo de seus intermináveis parágrafos e frases, ao longo de seus intricados diálogos e pensamentos, a narrativa pode nos levar a uma viagem, afinal saramago parece adorar a idéia de viagens, até um país cuja bandeira deve ser branca, branca como a cegueira, branca como os votos de seus cidadãos, mas sempre ficará a dúvida sobre qual país é esse, um país fictício de certo, como ele e seus críticos afirmam, mas quem sabe um país próximo e conhecido, como ouso concluir ao final desse já anunciado pretensioso ensaio, e antes que eu me refira aos dois ensaios de saramago que me levaram a deduzir sobre esse país de bandeira branca, devo dizer antes de mais nada o ensaio sobre a cegueira e o ensaio sobre a lucidez que não se tratam especificamente de ensaios e sim de romances, continuo dizendo da onde parei que antes que eu me refira aos dois ensaios de saramago que me levaram a deduzir sobre esse país da bandeira em branco acho importante fazer um pequeno retrospecto de sua obra que inclui tantos livros bons, famosos e importantes que fica difícil listá-los e comentá-los a todos, restando-me apenas seguir uma linha mais frágil e ao mesmo tempo mais consistente, que começa não com o seu primeiro romance, que deveria se chamar a viúva mas acabou sendo chamado de terra do pecado e foi descriminado pelo próprio autor, mas começa com o memorial do convento escrito em mil novecentos e oitenta e dois e já lá se apresentava o inconfundível estilo de saramgo sem letra maiúsculas, sem travessões, sem aspas e sem parênteses, apenas uma mistura de palavras bem arranjadas e com muita sorte de produzir um momento histórico e fictício importante em portugal, o mesmo que ocorre em dois outros livros de saramago, o ano da morte de ricardo reis e a história do cerco de lisboa, sendo que o primeiro, escrito em mil novecentos e oitenta e quatro, trata sobre a morte do famoso pseudônimo do famoso poeta poeta português fernando pessoa, tão adorado por saramgo e outros autores e leitores em todo o mundo, mas como eu ia dizendo, uma outra produção que aborda portugal é a jangada de pedra, na qual a península ibérica se destaca do continente europeu e passa a vagar pelo oceâno como uma ilha, uma jangada de pedra a qual o título do livro se refere e onde saramgo pôde expressar artísticamente sua controversa opinião de que a espanha e portugal deveriam integrar um único e mutuamente benéfico país ibérico, o que incluiria o país basco mas excluiria a frança, uma questão importante a ser discutida aqui lgo adiante, antes devo dizer também que outra polêmica que saramago causou e viveu envolve a humanização do messias das religiões cristãs em seu popular livro o evangelho segundo jesus cristo, não bastasse isso, seus parececres a cerca da atual situação das explosões na faixa de gaza causaram furor entre os judeus, que não compreenderam suas insinuações e o processam sob a acusação de antisemitismo, bem como a sociedade norte americana de apoio aos deficientes visuais foi boicotar o lançamento do filme ensaio sobre a cegueira, dirigido pelo brasileiro fernando meirelles inspirado no livro de homônimo de saramgo, lançado em mil novecentos e noventa e cinco e que é o ponto de partida para esse meu ensaio sobre uma viagem ao país da bandeira em branco, pois nesse livro conta-se a história de um país fictício onde as pessoas são acometidas por uma cegueira branca que os pega de súbito e os põe a enxergar uma imaculada brancura que nunca os cega em completa escuridão e tão pouco permite que enxerguem qualquer outra coisa, com a exceção de uma personagem mulher de um médico oftalmologista que se recusa a ficar cega e por conta disso, sofre por ver como os valores da sociedade são subvertidos quando ninguém mais se importa de defecar diante de outro, estuprar por comida ou qualquer outra agressividade imposta que pode acontecer quando se isola todos esses cegos em um manicômio abandonado,s em estrutura e sem recursos, obviamente, quando a água parece ser mal usada e quando também as autoridades se encontram cegas, sabe-se que toda a cidade encontra-se em uma guerra de esbofeteamentos de cegos por comida, mesmo que seja a carne de um cachorro vira lata, até que tão subitamente como começou a cegueira termina, depois disso ficamos sabendo que quatro anos se passaram e ninguém nunca mais ousou falar nos abusos e horros que sofreram ou inflingiram uns nos outros durantes aquelas semanas, ficamos sabendo sobre isso no livro ensaios sobre a lucidez, escrito em dois mil e quatro, quando saramgo retoma alguns dos personagens do livro que lhe rendeu o prêmio nobel, muito embora o nobel não seja dado a uma obra e sim a um autor que o mereça, de qualquer forma volto a onde estava para contar que naquele mesmo país onde as pessoas não tem nomes e os livros tem nomes como livro das crueldades ou livro das previsões, uma nova brancura se instala no país quando oitenta e três porcento da população de um país vota em branco em um determinada eleição, sendo que a maioria daqueles que não elegeram o partido de direita ou o partido do meio ou o partido da esquerda, que para desgosto de saramgo nunca é eleito mesmo, se encontram na capital desse país e como resolução para esse conflito cerca a cidade sob vigilância militar e muros, em uma manobra semelhante a que foi tomada nos tempos da cegueira mas com medo de que mais uma vez aquelas situações ocorram o governo ousa falar sobre os incidentes da cegueira e sugera que os habitantes pacíficos da capital façam o mesmo, acontece que os habitantes da capital estão vivendo bem sem seus governos e milícias, trabalhando, estudando e levando suas vidas para frente, mesmo economicamente, sem rancores ou qualquer outra coisa que o valha para trazer o caos novamente para suas ruas, com a exceção de um cidadão aquele primeiro que cegou nos tempos da cegueira branca e que, depois de se divorciar da mulher que ofereceu o corpo em troca de comida no manicômio, manda uma carta até as autoridades de fora do cerco para contar que houve uma mulher que não cegou quatro anos atrás e que acreditava-se que podia ser a causadora dos votos em brancos, um comissário chefe de investigação vai se informar e se simpatiza com a mulher do médico e seu cão de nome Constante que outrora lhe enxugara as lágrimas, entretanto, determinados a acabar com a vergonha que a população causou ao governo ela e o cão são executados como era de se esperar e como era de se esperar também a população tornou ficar cega, não que já estivesse antes, mas agora a cegueira era física e não mental como antes, pouco se sabe como essa situação foi resolvida mas em dois mil e cinco saramago publicou as intermitências da morte, um livro onde a partir da meia noite que inciaria um ano ninguém mais morreu em um país fictício, não indicações de que seja o mesmo país mas sabe-se que também um país onde as autoridades são burras e radicais, temerosas e prolixas, um país onde bandeiras brancas são estiradas para comemorar a ausência do luto até que a morte resolva tornar a matar, o que gerou inconformismo da população e da milícia, agora é interessante notar como esse país se assemelh a portugal em muitos aspectos muito embora seja dito que o país não sofra de terremotos e sabe-se que lisboa já foi vítima de um poderoso tremor de terra no final do século dezenove o que me leva a pensar que talvez saramago se refira a um país ibérico, ou seja o portugal que nasceu com a espanha em que vive, onde aliás se desenvolve seus romances cadernos de lazarote um e cadernos de lanzarote dois, publicados antes de todos os nomes e a caverna, sendo que o primeiro, de mil novecentos e noventa e sete lhe causou uma certa insegurança por ser o primeiro a publicar depois da nomeação ao nobel o que significaria que ele seria aguardado com grandes expectativas, que foram cumpridas diga-se de passagem, mas isso não importa agora o que importa é saber que quando viajamos até um país de bandeiras em branco, como o fizemos nesse ensaios, na verdade estamos viajando até os nossos próprios países cujas bandeiras brancas foram pintadas e viajamos até nós mesmos, como sugere o conto infantil de saramago chamado o conto da ilha desconhecida, também de mil novecentos e noventa e sete e também em um país onde não se há nome apenas burocracias e o sonho de um homem que antes de se aventurar em seus sonhos e seus amores quer descobrir uma ilha desconhecida e vai pedir um barco para seu governante, mas esse é um país monárquico diferentemente do parlamentarismo do país das outras obras de saramago o que sugeriria um passado para o país de bandeira em branco, embora em intermitências da morte saiba-se que há uma rainha no país de pouca efetividade como na inglaterra, e uma solução para nosso problema, ou melhor dizendo, ensaio sobre um país onde as bandeiras só poderiam estar branco.

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