20 abril 2010

August Derleth e os mitos de Lovecraft




August William Derleth nasceu no estado de Wiscosin, em 24 de fevreiro de 1909. Apesar de muitos ainda o conectarem a seu personagem mais conhecido, Solar Pons uma sátira/homenagem à Sherlock Holmes, o que tornou Derleth famoso foi seu contato com Lovecraft e os mitos de Cthulhu. Aliás, contato esse crucial para os mitos, uma vez que foi ele quem nomeou o universo de criações de Lovecraft como Cthulhu Mythos.


Lógico que é bem possível que muitos fãs da obra de Lovecraft torçam o nariz ao ouvir o nome de Derleth, já que ele introduziu elementos até então ausentets na obra de Lovecraft. Por exemplo, Derleth foi o criador de uma guerra cósmica entre os Deuses Mais Antigos (entidades benevolentes, como Nodens do conto "A casa que pairava nas brumas") e os Grandes Antigos (entidades malévolas, como o próprio Cthulhu e muitos outros famosos, incluindo Shubb-Nigurath, Nyarlathotep, Azatoth e Yog-Sothoth). Nessa tal guerra cósmica, o Deuses Mais Antigos expulsaram o Grandes Antigos da constetlação de Betelgeuze (e da onde você acha que vinha o nome do meu blog?).


Pois bem, essa guerra trouxe elementos maniqueístas como o bem e o mal para o universo das criaturas, lugares e livros de Lovecraft. Qual o problema nisso? Simples, Lovecraft não queria instigar a crença de que Cthulhu e seus amigos eram maus, ele queria levantar a hipótese do Caos, da pequenez da humanidade diante essas criaturas, a falta de lógica e, consequentemente, falta de altetrnativas para lidar com a ameaça alienígena e colossal que dorme acidentalmente nas profundezas de nossos oceanos. mais ainda, Derleth trouxe uma esperança de combater esse mal invocando as forças do bem.


E houve outra forma de combater o mal. Lovecraft introduziu alguns gestos e símbolos mágicos para invocar os Grandes Antigos. O mais famoso desses símbolos era o Sinal Antigo, uma espécie de runa imitando uma folha de palmeira. Pois bem, Derleth transformou o Sinal Antigo em um pentagrama com um olho no meio e deu a ele o poder de afastar o mal. Drástico, não? Mas não acaba por aí.


Provavelmente, a maior polêmica que Derleth trouxe aos mitos de Cthulhu foi a questão elemental. E quando digo elemental me refiro aos elementos em si, aqueles quatro elementos da altat magia cerimonial: terra, ar, fogo e água. Pois bem, Derleth associou quatro Grandes Antigos aos elementos, como se eles regessem esses elementos e se manifestassem através deles. O fez da seguinte forma: Cthulhu para a água, Cthuga para o fogo, Nyarlathotep para o ar e Shubb-Nigurath para a terra. Uma interpretação no mínimo curiosa, especialmente para os fãs de ocultismo, mas não podemos ignorar o fato de que isso limita todo o poderio dos Grandes Antigos.


Então, você deve estar se perguntando como Derleth fez tudo isso? Ora, escrevendo, é claro. Derleth escreveu centenas de contos e dezenas de livros. Dentre as séries ligadas ao já citado Polar Sons, quanto em outras séries ligadas a unvierso algum, Derleth explorou os mitos de Cthulhu. Citou nomes e sobrenomes de personagens, lugares, tomos secretos e proibidos, divindades e criaturas. Mais ainda, foi o organizador de duas antologias sobre os mitos de Cthulhu com contos escritos por diversos autores, além de ter escrito sua própria antologia de contos sobre o universo de Lovecraft ("The mask of Cthulhu", onde encontramos um conto onde ele explora a divindade Hastur, que antes só havia sido obscuramente citada por Lovecraft, em referência a obra de Lord Dunsany) e uma novela com diversas histórias interligadas nesse mesmo unvierso (o famoso "The trail of Cthulhu", que deu origem até a um RPG que em breve será traduzido no Brasil).


Um dos trabalhos mais famosos de Derleth sobre os mitos de Cthulhu é o romance "The lurker at the threshold", que estampa na capa uma colaboração entre ele e Lovecraft. Na verdade, Derleth apanhou dois contos que Lovecraft deixou inacabados ao morrer (um total de 50.ooo caractéres) e escreveu o resto, unindo esses trechos e criando uma empolgante aventura de suspense e horror, dentro do renovado universo de elementos e maniqueísmo. Claro que muitos fãs rejeitaram a obra, mas eles rejeitariam ainda mais os outros 16 contos dessa 'parceria'. Contos onde Derleth apanhou rascunhos, protóptipos, idéias abandonadas e versões alternativas de contos de Lovecraft e os publicou ao longo de sua carreira sob o nome dos dois, mas sob as palavras do primeiro, que infelizmente não são tão boas quanto as do segundo. Ainda assim, alguns momentos são bons e você pode conferí-los no coletânea "Watchers out of time" (título que se refere a um conto que o próprio Derleth deixou incabado ao morrer).


Com base nisso tudo, você deve estar se perguntando porque afirmei logo no início dessa postagem que August Derleth teve a importância a crucial para os mitos de Cthulhu. Explico. Além de dar o nome de Cthulhu Mythos para abarcar toda a criação fatnástica das histórias de Lovecraft, foi o próprio Derleth quem permitiu que Lovecraft se tornasse conhecido e viesse até nós, nos dias atuais. Sim! Sem Derleth, jamais saberíamos quem foi Lovecraft e seuqer saberíamos que ele um dia existiu e inventou o Necronomicon (uma postagem que ainda estou devendo).


Acontece que Derleth sempre foi admirador de Lovecraft e amigo pessoal, corresponde-se com ele durante muitos anos e cartas. Inclusive, Derleth muitas interviu junto aos editores da revista "Weird Tales" para que publicassem os contos de Lovecraft. E Lovecraft, por sua vez, só viu um único livro seu ser publicado: "A sombre sobre Innsmouth". Fora isso, viu alguns contos serem publicados em revistas de ficção científica, aventuras pulp e horror, enquanto esperava que "Nas motanhas da loucura" (que já havia sido publicado em série) fosse publciado como uma novela.


Então, após a morte de Lovecraft, eis que Derleth funda a Arkham House em 1939 (uma referência a cidade mais famosa criada por Lovecraft, que mais tarde serviu de inspiração para os quadrinhos do Batman). O objetivo da Arkham House (que publicou as obras do próprio Derleth e de muitos outros autores famosos, como Ray Bradbury) era popularizar aquilo que outras editoras não se interessaram em tornar popular: Lovecraft e os mitos de Cthulhu. Não a ota, a primeira publciação da editora foi "The outsider and other stories" contendo alguns dos contos mais famosos de Lovecraft.


E foi a partir dessa iniciativa de Derleth, um editor e um fã, que Lovecraft alcançou o cinema, os quadrinhos, os RPGs, os brinquedos, as piadas e os livros na sua prateleira. Também foi a partir da paixão de Derleth que muitas divindades, tomos, cidades, personagens e criaturas, adcionaram uma sombra maior e uma riqueza mais profunda aos mitos de Lovecraft. Mitos esses que deixaram de ser de Lovecraft apenas, para se tornarem de Derleth e, a partir de então, de Howard, Smith, Bloch e muitos outros. Foi assim que um desconhecido autor que implorava por publicações baratas em pequenas revistas se tornou o autor dos mitos de Cthulhu: através de August Derleth.

4 comentários:

None disse...

Muita gente vai mudar sua visão sobre Derleth após ler esse post rs.

Anônimo disse...

Enganou-se. Eu continuo com a mesma opinião negativa sobre Derleth.

Anônimo disse...

Eu também não mudei de opinião. Tá certo que ele divulgou o trabalho de Lovecraft, mas fora isso...

Anônimo disse...

Eu também não mudei de opinião. Tá certo que ele divulgou o trabalho de Lovecraft, mas fora isso...