24 abril 2010

O tom de Ingi


Segunda - feira, véspera de carnaval. Você entra em um pub inglês na capital. Está anoitecendo (na verdade, o sol parece estar se pondo a tarde toda, soprando ventos gelados com grãos de neve que se depositam sobre os lagos congelados). Você está bebendo sua cerveja sozinho com sua esposa quando dois rapazes entram rindo e falando alto. Tudo está bem. Um deles arrisca uma roleta e ganha 8 cervejas, arrisca de novo e ganha mais 8. Obviamente, não iriam tomar 16 cervejas em dois, então oferecem 2 para vocês.
Nesse momento, o outro rapaz procura o isqueiro para acender o cigarro e você se oferece para emprestar seu isqueiro e fumar junto. Você descobre que o rapaz tem o apelido de Haddo (o nome é Haldór, o mesmo do escritor islandês premiado com o Nobel). Após apagar as bitucas, fica combinado que os dois rapazes se sentarão com vocês na mesa.
Depois de cervejas e risadas, depois de conversas sobre cultura, política, música (com direito a imitar e falar mal do Jónsi, do Sigur Rós) e sexo, o outro rapaz paga toda a conta sozinho e chama um táxi. Ele os leva até o estúdio dele para tocar violão, cantar mesmo estando rouco e lhe presentear com um CD autografado. Esse é o Ingi.
Ingi é o mais novo músico de sucesso da Islândia, mostrando que existe outras vidas além de Björk, Sigur Rós, Múm, Olaf Arnalds, Amiina, HÖH, Thor's Hammer e outros mais obscuros. Suas músicas tocam nas rádios e ele costuma fazer apresentações na rede nacional de televisão. É claro que no verão ele deve excursionar em festivais europeus e já planeja um retorno aos Estados Unidos (onde gravou e mixou o CD, em uma cela de Alcatraz) e ao Japão. Mas como seus CDs serão lançados na Oceania, é possível que ele vá até lá, embora o sonho atual seja de vender CDs no Brasil para um dia tocar aqui.
“Human oddities” é o nome do CD, título que vem dizer sobre as estranhezas de relacionamentos e comportamentos humanos. As músicas são crônicas indie e pop inspiradas no rock de Bob Dylan e David Bowie. O álbum foi produzido por Scott Mathews, que já trabalhou com George Harrisson, Ringo Starr, Keith Richards, Mick Jagger, Beach Boys, Johnny Cash e tantos outros.
A primeira que ouvimos ao colocar o CD no disc player é “Sylvia”, nome da namorada de Ingi, que é quem também assina a arte do encarte e os quadros que decoram o estúdio. A segunda música é “Power to the bastards”, que inclusive já virou um clipe curioso estrelado pelo premiado Olafur Darri Olafsson e dirigido por Markell. Logo em seguida, você ouve “You little fruitcake”, que deu origem ao primeiro clipe de Ingi, recheado de cenas famosas da Tv e com a presença do mesmo violão que ele usou para gravar o CD e para tocar no estúdio para você.
E assim o disco todo segue por 10 músicas com violão, guitarra, bateria e instrumentos de sopro (como ocasionais cordas, pianos, coros e efeitos), até chegar na última música, “She’s so silly” que fala sobre amizade com aquele Haddo que você conheceu, que lhe garantiu que te ajudaria em tudo o que você precisasse naquela semana e que ainda lhe deu o número de celular dele e do Ingi.
Um bom jeito de fechar um divertidíssimo CD e uma memorável noite. Agora, enquanto esse som não chega por aqui, o melhor jeito de começar a conhecer o trabalho de Ingi é procurar os clipes e apresentações no YouTube e no Facebook, seguí-lo no twitter e visitar sua página constantemente. Quem sabe não realizamos o sonho dele e o trazemos até o Brasil?

2 comentários:

Solange disse...

Ei! A esposa sou eu! Fui eu quem recebeu a segunda cerveja e o segundo CD. Um brinde gelado ao Ingi, ao Haddo e à maravilhosa Islândia, que mora num lugar especial no meu coração.

Shirley Edhel disse...

Meu Santo Eru!
É muita metidez!!!
me mordo de inveja