27 novembro 2008

Kjarri: a voz do Sigur Rós


Kjartan Sveinsson nasceu em 2 de janeiro de 1978 em Reykajvík, na Islândia. Em 1990 ele já tocava com Jón Þór Birgisson numa banda hyppie-punk chamada 'Beespiders'. Mas foi só em 1998 que ele entrou para o Sigur Rós. De lá para cá, casou-se com Maria Huld Markan Sigfúsdóttir (vilonista do Amiina, o quarteto de cordas que acompanha a banda) em 2001, compôs a trilha sonora de curta metragem "The last farm" em 2004 e, no mesmo ano, partiu numa breve turnê solo pela Islândia, tocando e cantando músicas do Sigur Rós em uma versão acústica em um projeto chamado 'Lonesome traveller'.

Kjartan (também conhecido como Kjarri) tem formação acadêmica em música erudita. Sua formação inclui conservatórios, faculdades e estudos em pós-graduação. Ele toca piano, orgão, contrabaixo, cello, violino, flauta, oboé, clarinete, banjo e alaúde. Para se ter uma idéia melhor, ele é quem compõe todos os arranjos de cordas para as músicas do Sigur Rós (tanto "Starálfur", " Viðrar vel til loftárása", "Olsen Olsen" e "Hoppípolla", por exemplo, que são executadas pelo Amiina, como também "Ára bátur" que é executa pela orquestrada sinfônica de Lonres). Os arranjos de metais de sopro de músicas como "Ný batterí", "Sé lest" e "Inné mér syngur vitleysingur" também são de sua autoria.

Notou alguma coisa curiosa na listagem de músicas? Bem, todas são posteriors ao lançamento de "Ágætis byrjun" em 1999. Tudo bem que não listei nenhuma música do "( )", de 2002 (embora ele tenha arranjos de cordas também compostos por Kjarri, eles são menos evidentes nesse trabalho, e não servem tão bem para o que quero ilustrar). Por que isso? Bem, tudo começa em 1994, quando Jonsi, August e Goggi se juntaram e formaram uma banda que levaria o nome da irmã recém nascida do vocalista partido ao meio ('Sigurrós', um nome razoavelmente típico na Islândia que significa "rosa vencedora", "victory rose" em inglês, que foi o primeiro nome da banda). Com a pretensão de soar como algo entre Iron Maiden e Smashing Pumpkins, a banda se trancou por dois em um estúdio e saiu de lá com um álbum ainda feito às pressas.

"Von" saiu em 1997 e fez um pequeno sucesso comercial e de críticas na sua terra natal. Mas não agradou nem um pouco aos membros da banda. Músicas sombrias (ora tristes, ora pesadas) era tocadas apenas com guitarra, baixo e bateria, de forma quase rudimentar e não tanto criativa. A complexidade e o tamanho do álbum se davam mais pelas experimentaçãos mal direcionadas entre ruídos e distorções. Músicas como "Leit að lífi" não chegaram a ficar prontas e "Hafssól" não se parecia nem um pouco com o que os caras imaginavam (em um f uturo post eu falo mais sobre isso, sobre "( )" e sobre o que a banda fez antes de "Von"). Essa foi a razão para que no ano seguinte a banda lançasse uma versão de remixes do "Von" (incluindo a versão finalizada de "Leit að lífi"). O nome desse álbum era um trocadilho com "Von" que significava "Decepção".

Decepcionados e desesperançados ("Von" significa "esperança") a banda pensou em parar com a idéia de música e cada um seguir sua carreira de jogador de futebol, marceneiro e qualquer outra coisa. Mas então, eis que surge Kjarri, um velho amigo dos caras. Ele se mostra interessado no som do Sigur Rós e acredita que pode fazer mais ainda, levando a música em uma nova direção. Os quatro (agora) se juntam em estúdio e compõe a música "Ágætis byrjun". Jonsi percebeu que havia uma nítida diferença entre as músicas anteriores e essa nova. Ele se animou com o resultado e com evolução de qualidade que a nova parceiria alcançou. Decidiram, então, compor e gravar um novo disco. Em um ano, eles não só compuseram todas as músicas para um novo trabalho como houve uma sobra de estúdio que seria utilizada ainda em singles futuros álbuns (são dessa época "Nýja lagið", "Untitled 2", "Untitled 4", "Untitled 8", "Milanó", "Gong", "Salka", "Hljómalind" e "Í gær").

Como se pode perceber, independente das orquestrações, as músicas do Sigur Rós que surgirão depois da entrada de Kjarri ganharam uma nova força e uma nova face. A voz da banda soou diferente, mas limpa, mais clara, com ritmos definidos e marcantes, bom uso da bateria e das guitarras e a presença belíssima de um piano. A corda vocal pode ter sido trazida por Jonsi, mas que a verdade seja dita: a voz do Sigur Rós que nós chamamos de genial só pode ter vindo de Kjartan.

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